Representantes do setor cacaueiro e de alguns órgãos do governo realizaram ontem(6) , em Brasília, uma reunião para discutir a importação de cacau. A reclamação dos produtores é que a indústria importou grande quantidade da amêndoa em um período de grande safra, o que contribuiu para a queda dos preços pagos ao produtor.
O representante da Associação das Indústrias Processadoras de Cacau (AIPC), Walter Tegani, secretário-executivo da entidade, disse ao Jornal Valor que houve um mal dimensionamento do tamanho da safra. Antes se previa uma quebra, mas este ano ocorreu uma colheita volumosa, e os contratos de importação são firmados em um período de cerca de um ano e meio.
Para Tegani, a indústria não tem interesse em ampliar as importações e aposta na recuperação da produção nacional, hoje insuficiente para atender à demanda das processadoras, em torno de 230 mil a 240 mil toneladas por ano. A importação coincidiu com a maior safra brasileira dos últimos 18 anos. Na temporada internacional 2011/12 (de outubro de 2011 a setembro de 2012), o Brasil colheu 220 mil toneladas em relação às 199,8 mil toneladas no ciclo anterior, segundo a TH Consultoria e Estudos de Mercado.
O representante da AIPC informou que a indústria importou este ano (até outubro) 47 mil toneladas, a mesma quantidade dos últimos dois anos. “Não houve uma super importação”, disse. Neste segundo semestre, principalmente a partir de setembro, com a entrada da grande safra nacional houve problemas de recebimento da matéria-prima por parte das indústrias. Os estoques das indústrias processadoras estão abastecidos até o início do primeiro trimestre de 2013, conforme Tegani. Diante deste cenário, a indústria conseguiu realocar para outros mercados importações previstas para chegar ao Brasil em novembro e dezembro deste ano, segundo Tegani. *Para evitar o descompasso entre importação e produção, já foi solicitada pela Câmara Setorial do Cacau um levantamento mais preciso sobre o produto para a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab). Mario Cesar Luz Ferreira, técnico de cacau da autarquia, afirmou que ainda será preciso apresentar para a diretoria da Conab um plano de trabalho e ainda falta definir a metodologia a ser usada na pesquisa, pois se trata de uma cultura complexa, na avaliação de Ferreira.
O técnico também informou que foi encerrado levantamento sobre os custos de produção em dois municípios na Bahia (Ilhéus) e no Pará (Medicilândia) a ser entregue à Câmara Setorial. Depois, o resultado será encaminhado aos Ministérios responsáveis pela aprovação da entrada do produto na Política de Garantia de Preços Mínimos (PGPM).