Desde dezembro de 2010, os portos de Ilhéus, Aratu e Salvador, estão, em tese, aptos a receber navios de maior porte, graças a um investimento de R$ 100 milhões na dragagem desses terminais com financiamento do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). O calado desses portos aumentou para15 metros, permitindo a atracação das maiores embarcações do mundo.
No entanto, um ano e três meses depois, isso ainda não pode acontecer. Falta a homologação da dragagem – uma espécie de atestado pelo qual a Marinha oficializa as novas condições do porto, depois de uma minuciosa verificação das obras realizadas. Somente com a homologação, o novo calado e outras mudanças realizadas serão registradas nas cartas náuticas das companhias de navegação, levando-as a incluir os portos baianos em suas escalas.
“Das dragagens feitas nos portos brasileiros em 2010 até agora, nenhuma foi homologada”, conta Demir Lourenço, diretor executivo da Tecon/Salvador. No caso de Salvador, o resultado desta demora é que a capacidade do porto não avança, e equipamentos adquiridos para atender a esses navios, como os três porteineres que chegaram em dezembro, não farão muita diferença enquanto a atual situação perdurar.
O diretor de Desenvolvimento de Negócios da Codeba, Antônio Carlos Tramm, afirma que o órgão já está conversando com a Marinha para liberar a homologação da dragagem o mais rápido possível. “As conversas estão em andamento”, assegura.
Para o presidente do Conselho Diretor da Associação de Usuários dos Portos da Bahia (Usuport), Marconi Oliveira, falta planejamento. Ele lembra que não se pode fazer uma dragagem para ficar anos esperando pela homologação. “Vê-se que se está evoluindo em algumas proposições, mas a velocidade ainda não é a ideal. E o que nós queremos é ter competitividade”, disse.
Tramm anunciou ontem que mais uma obra para o Porto de Salvador está engatilhada. A Codeba vai liderar a ampliação do quebra-mar – segundo ele, o processo já se encontra na fase final de revisão do edital, a ser publicado em 45 dias. O quebra-mar norte é fundamental para o porto, porque propiciará a construção de um segundo terminal de contêineres. A questão dos portos baianos foi discutida no ciclo de debates promovido pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), realizado ontem no Hotel Mercure, Rio Vermelho.