De 2006 a 2010, uma média anual de 35 acidentes de carro com vítimas fatais foi registrada em Ilhéus, no sul do estado, número considerado preocupante e que revela uma guerra silenciosa ao volante numa cidade de porte médio do país com características de ruas estreitas e poucas avenidas de grande circulação. 2008 aparece como o ano recorde da estatística. Neste ano, 42 mortes foram registradas nas ruas da cidade. É o que revela uma pesquisa sobre o Diagnóstico da Violência e da Criminalidade em Ilhéus, realizada pelo Instituto de Promoção de Segurança Pública Municipal (Prosem), num trabalho que contou com apoio da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) e Faculdade de Ilhéus.
De acordo com a pesquisa, a maior parte dos acidentes acontece nos finais de semana e mais frequentamente durante a alta estação, quando Ilhéus recebe um fluxo maior de carros e pessoas. 45 por cento dos acidentes com registros de morte ao volante, ocorrem, de acordo com a pesquisa, durante os finais de semana. O trabalho também revela que a cidade aumentou consideravelmente o fluxo de por suas ruas. Em 2007, Ilhéus contava, segundo dados do Detran, com 9.833 veículos. Em apenas quatro anos, tendo como referência o mês de julho de 2011, o número cresceu para 13.627, um aumento de 38 por cento da frota. A quantidade de motocicletas neste período, apresenta um crescimento assustador: 90 por cento.
Outro dado que também surpreendeu aos presentes refere-se ao número de casos por afogamentos nos anos de 2006 a 2010, computando-se 85 óbitos, o que terminou sendo o responsável por 35% das mortes ocorridas durante este mesmo período. Todos estes dados, além de inúmeros outros contidos no diagnóstico, colocam Ilhéus na quarta posição de violência entre as cidades que possuem entre 100 e 250 mil habitantes.
De mãos desses dados, afirma o secretário Marcelo Barreto, “vamos buscar agilizar a elaboração do nosso Plano Municipal de Segurança Pública, atendendo uma determinação do prefeito Newton Lima, que quer deixar esta área bastante avançada no sentido de que possamos reverter estes números desfavoráveis, e assim podermos oferecer uma cidade mais segura aos cidadãos”, assegura.
os números desta mesma pesquisa apontam altos e preocupantes índices de criminalidade em Ilhéus. De acorco com o diagnóstico, a cada 100 pessoas vítimas de homicídio em Ilhéus, sul do estado, no período de 2006 a 2010, 82 perderam a vida antes de concluir o primeiro grau escolar. 94 eram homens, 90 solteiros e 15, com idades entre 15 e 19 anos.
Segundo o relatório, o bairro do Malhado é o mais violento da cidade. Apenas em 2009, chegou a registrar o recorde de homicídios em Ilhéus: 32. Entre 2006 e 2010, Ilhéus registrou 401 homicídios e, de acordo com o relatório, a maior parte aconteceu na zona rural da cidade (116 homicídios), onde residem apenas 16 por cento da população. Em 88 por cento dos casos, foram usadas armas de fogo (73%) e armas brancas (15%). A criminalidade age em Ilhéus preferencialmente à noite, entre 18 horas e meia-noite, quando é registrada a maior parte das ocorrências.