A realização simultânea do III Encontro Baiano de Museus e da 5ª Primavera de Museus, em Ilhéus, é uma prova incontestável de que a produção permanente de cultura é o caminho mais curto para a inclusão social e a promoção de cidadania. Há dois dias, a cidade respira – e transpira – cultura. Nas ruas, exposições de pintura, artesanato, apresentação de farfarras, filarmônica e grupos musicais animam as esquinas do Centro Histórico. Nos espaços culturais da cidade, exposições fotográficas, apresentações teatrais e debates sobre os caminhos que devem nortear a cultura baiana dão o tom para a consolidação do conhecimento como elemento que valoriza não só o passado. Mas realiza o presente e constrói o futuro.
Alunos da Escola Nucleada do distrito rural de Santo Antônio, em Ilhéus, percorreram quase 30 quilômetros, a maior parte estrada de chão batido, para participar dos eventos e se “alimentar” de arte. Na comunidade onde moram eles tentam construir um caminho diferente do que percorre a maioria dos nossos jovens que estudam em escolas rurais deste País. No Santo Antônio, estudantes e professores atraíram a simpatia dos pequenos produtores rurais da região que contribuem com o seu trabalho para transformar um espaço simples de aula num ambiente propício ao conhecimento e à uma educação de qualidade. Sim: simples. Mas de qualidade. E é isso, na essência, que importa. Eles são parceiros da escola.
Hoje pela manhã, nas ruas de Ilhéus, zona urbana que muitos só conheciam “de ouvir falar”, as crianças da Escola Nucleada fizeram da leitura um ato obrigatório. Visitaram exposições de arte em plena via pública. E comemoravam a oportunidade de aprender um pouco mais. “Percorremos o caminho da cidadania plena, com conhecimento, inserção e cultura”, afirmou a diretora Kaliane Soares, defensora de que movimentos como este aconteçam permanentemente, oportunizando o jovem a valorizar a arte e a cultura.
Enquanto isso, a fanfarra do Instituto Municipal de Educação percorria o Centro Histórico chamando a atenção dos pedestres e comerciantes da região. Na Casa de Arte Baiana e o Espaço Goca Moreno, também situados no Quarteirão Jorge Amado, estudantes do Colégio Impacto, da rede particular de ensino, visitavam a exposição fotográfica do jornalista Maurício Maron e conheciam obras de arte expostas na galeria.
Nesta quinta, nos espaços fechados, a cultura baiana era debatida e planejada como tem que ser. Mas as ruas de Ilhéus, hoje pela manhã, eram a prova viva de uma das mais célebres frases do escritor e filósofo argelino Albert Camus: “sem a cultura, e a liberdade relativa que ela pressupõe, a sociedade, por mais perfeita que seja, não passa de uma selva”.