A Capitania de Ilhéus foi doada em 1534 a Jorge de Figueiredo Corrêa, que não veio tomar posse de suas terras e mandou em seu lugar o castelhano Francisco Romero. Ele chegou às novas terras, ao sul da Ilha de Itaparica, onde hoje está localizado o povoado de Morro de São Paulo, na Ilha denominada Tinharé. Após ter fundado a nova vila, determinou que algumas embarcações rumassem em direção ao sul para fazerem o reconhecimento das terras da Capitania. Os engenheiros da armada acharam ideal para fundar uma vila aquela localidade formada por uma baía, ladeada por dois morros, uma proteção natural. Atualmente são os morros de Pernambuco e de São Sebastião.
A vila de São Jorge dos Ilhéus recebeu este nome em homenagem ao dono da Capitania, Jorge de Figueiredo Corrêa e por causa das pequenas ilhas encontradas ao largo da sua costa
Como a vila de São Jorge não se desenvolvia, por mais de duzentos anos ela permaneceu apenas, como uma alternativa de parada para as embarcações que transitavam pela costa brasileira. Somente a partir do meado do século XIX, com o aparecimento do cacau na pauta de exportações da Bahia, é que lentamente a vila começou a se desenvolver e a despertar interesses, o que só se daria realmente no final do mesmo século.
No dia 4 de junho de 1881 o deputado cônego Manuel Teodolindo Ferreira apresentou à Augusta Assembléia Legislativa Provincial da Bahia o projeto de lei datado de 3 de junho, que elevava a Vila de São Jorge dos Ilhéus à categoria de cidade. Subscreveram o documento os deputados Paranhos Almeida, Vigário Batista, Virgilio de Carvalho, E. Baraúna, Reguião, Áppio Cláudio e Carneiro da Rocha, segundo o professor Arleo Barbosa.
O projeto foi para a Assembléia Legislativa, para ser discutido três vezes como mandava a lei. Ela foi discutida entre os dias 7 e 14 de junho e tomou o número 604. As sessões foram presididas pelo deputado João dos Reis de Souza Dantas. No dia 28 de junho de 1881, através da Lei Provincial nº 2.187, a Assembléia Legislativa Provincial enviou ao Presidente da Província, anexo a um memorando, a Resolução que elevava a Vila de São Jorge dos Ilhéus, à categoria de cidade. A vila permaneceu com o mesmo nome. A Resolução foi assinada por João Lustosa da Cunha Paranaguá, mais tarde, Marquês de Paranaguá.
O Marquês, que hoje é nome de rua, foi “Conselheiro de Estado, senador do Império, Dignatário da Ordem da Rosa, Comendador de São Gregório Magno, Desembargador e Presidente da Província da Bahia”(Barbosa, p. 67).
Cabe salientar aqui um aspecto muito interessante da história de Ilhéus, segundo narrativa do professor Pedro Mattos, que mostra a diferença entre elevação à categoria de cidade e emancipação política, fundamentado na palavra do professor Leopoldo de Campos Monteiro. Ilhéus foi elevada à categoria de cidade, pois foi fundada vila desde sua ocupação como Capitania Hereditária. Mas não houve emancipação política, como aconteceu com as outras cidades da região. E ela permanece com o mesmo nome desde que foi fundada.
Segundo Silva Campos (p. 262), naquela época, as edificações já se estendiam pela margem ocidental do rio, as vias públicas possuíam largura regular e uniforme, com casas assoalhadas, havendo diversas de gosto moderno, bonitas e de construção bastante sólida. Nesta época já haviam sido construídos alguns sobrados. A população era de pouco mais de mil habitantes. A cidade contava com três igrejas (São Jorge, Vitória e a capela de São Sebastião), duas fontes públicas, 120 casas comerciais e duas farmácias. Só havia duas escolas primárias na cidade.
Sem a implantação da cacauicultura, Ilhéus, certamente não teria se consolidado como cidade, pois até o começo do século XIX, não passava de um pequeno povoado com poucas construções. Mesmo no começo do século XX, a cidade não possuía grande importância. Quando já havia prosperidade, os primeiros plantadores de cacau moravam nas fazendas, mudando para a cidade somente a partir do início dos anos de 1910, quando a cidade se desenvolveu de forma acentuada e foi construído todo o Patrimônio Histórico e Cultural que permanece até os nossos dias.
Maria Luiza Heine
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