Morre em Ilhéus ex-deputado federal Sérgio Naya

O empresário e ex-deputado Sergio Naya, 66 anos, morreu na tarde desta sexta-feira (20), em Ilhéus, no litoral da Bahia.
Naya era proprietário da Sersan, empresa responsável pela construção do edifício Palace II, no Rio, que desabou em 1998 e provocou as mortes de oito pessoas e deixou 120 famílias desabrigadas.
Ele foi encontrado morto em um quarto do hotel Jardim Atlântico, onde estava hospedado.
A proprietária do hotel, Néia Machado, disse que o corpo foi levado para o necrotério de Ilhéus e posteriormente será transferido para Laranjal (MG), cidade natal do empresário.
O dono da funerária São José, Samuel Ferreira de Miranda, informou que o corpo de Naya chegou ao local por volta de 17h30. Miranda disse que ele próprio foi buscar o corpo no hotel. Um médico legista iria à funerária para apontar a causa da morte.
De acordo com o dono da funerária, depois de preparado o corpo, terá início o velório. Miranda disse que informou familiares de Naya, que, segundo ele, iriam se deslocar de Minas para Ilhéus.

Cliente habitual – De acordo com a dona do hotel, Néia Machado, Naya era um cliente habitual. Segundo ela, nesta sexta, o empresário tomou café e voltou para o quarto. Horas depois, o motorista de Naya estranhou a ausência dele e pediu a uma funcionária para que fosse aberta a porta do quarto.

Primeiramente, segundo Néia Machado, o motorista chamou um médico particular do empresário e, depois, um legista constatou a morte.

Naya foi deputado federal por Minas Gerais por três mandatos (1987-1991 e 1991-1995 pelo PMDB e 1995-1999, pelo PP).

Segundo a Prefeitura de Ilhéus, ele estava na cidade para negociar a construção de um shopping.

Sersan e Palace II – O empresário era dono da empresa Sersan (Sociedade de Terraplanagem Construção Civil e Agropecuária), responsável pela construção do edifício Palace II, no Rio de Janeiro.

O desabamento do Palace II completa 11 anos neste domingo. O edifício caiu em 22 de fevereiro de 1998. Oito pessoas morreram. Cento e vinte famílias ficaram desabrigadas e perderam tudo.

O laudo técnico apontou que houve erro de cálculo na obra do prédio. No processo cível, Naya foi condenado a pagar R$ 60 milhões de indenização para as vítimas.

O advogado das vítimas disse que, mesmo com a morte de Naya, nada muda em relação à necessidade de pagamento das indenizações.

Investigações indicaram que um dos pilares do edifício estava danificado, outros dois precisavam de reforço e que a obra tinha sido feita com material reaproveitado e de baixa qualidade.

Sérgio Naya chegou a passar 106 dias preso, acusado de falsidade ideológica e falsificação de documentos públicos. Por causa do desabamento, foram mais 27 dias de prisão, mas o ex-deputado foi considerado inocente do desabamento do prédio.

Naya teve todos os seus bens bloqueados e alguns leiloados. No entanto, a quantia referente às vendas só foi suficiente para pagar, em parcelas espaçadas, 15% do valor das indenizações estipuladas pela Justiça.

Em fevereiro do ano passado, o Ministério Público Federal (MPF) denunciou à Justiça Federal o empresário Sérgio Naya pelo crime de fraude de execução fiscal.

Carreira parlamentar – Engenheiro civil formado pela Universidade Federal de Juiz de Fora, Sérgio Naya foi deputado federal por Minas Gerais em três legislaturas e foi filiado a três partidos: PMDB, PP e PPB.

Naya chegou à Câmara dos Deputados como suplente, exercendo o mandato em três oportunidades até ser efetivado em maio de 1989, na vaga do deputado Márcio Bouchardet.

Em 1990, elegeu-se deputado federal pelo PMDB, sendo reeleito em 1995, desta vez pelo PP.

Recebeu, durante a atuação parlamentar, diversas condecorações, como o Mérito Alvorada, do governo do Distrito Federal, a Medalha de Honra da Inconfidência, do governo do estado de Minas Gerais e a Ordem do Mérito Legislativo, da Assembleia Legislativa de Minas Gerais.

Cassado – Após o desabamento do Palace II, em 22 de fevereiro de 1998, o então deputado teve o mandato cassado e as contas bancárias bloqueadas pela Justiça. No entanto, foi absolvido em processo judicial que o apontava como réu por crime de responsabilidade no desabamento do edifício.

Naya foi cassado por quebra do decoro parlamentar no dia 15 de abril de 1998. O placar da votação, secreta, foi de 277 votos pela cassação, apenas 20 além dos 257 necessários, e 163 contra, com 21 abstenções e dez votos em branco.

O empresário abandonou a vida política e chegou a ser condenado a dois anos e oito meses de prisão em regime semi-aberto, pena convertida em prestação de serviços comunitários e pagamento de multa.

O empresário e ex-deputado chegou a ser detido duas vezes. Em 1999, ficou 26 dias na Polinter, no Rio, após ser preso em Brasília. Em 2004, voltou a ser preso em Porto Alegre, quando tentava fugir para Montevidéu, e ficou preso por quatro meses.

A defesa de Sérgio Naya argumentou que ele não era responsável pela construção e execução do prédio.

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