UESC realiza I Curso de Primatologia de Campo do Nordeste

O I Curso “Primatologia de Campo Mata Atlântica”, depois de 20 anos sem cursos de campo em primatologia, no país e a primeira vez no Nordeste, está sendo realizado, na reserva Ecológica Michelin (Ituberá/BA), até o dia 9 de fevereiro. Segundo a professora/doutora Romari Martinez, coordenadora pela UESC – Universidade Estadual de Santa Cruz, “o Curso representa uma iniciativa capaz de atender a parte de demanda por formação de um fragmento profissional de grande valor para a conservação dos recursos naturais da nação. Creio que a médio prazo esta atividade se consolide no âmbito nacional e seja referência acadêmica e científica a nível internacional, mostrando o que há de melhor na primatologia brasileira às novas gerações de cientistas e à comunidade mundial”.

O doutor em Ecologia, Conservação e Manejo de Vida Silvestre, professor adjunto da Universidade Federal de Goiás e ex-presidente da Sociedade Brasileira de Primatologia, Fabiano Rodrigues de Melo (UFG-Universidade Federal de Gramado) explica que “os macacos desempenham um papel fundamental na manutenção da vida na floresta. São dispersores de sementes, eles são quase que plantadores de árvores .Comem um fruto e quando eles defecam, a semente está pronta para germinar e reflorestar em áreas que estão sendo perturbadas ou naturalmente ou pelo homem”.
– O Brasil é considerado o país dos primatas porque existem muitos ambientes florestais aqui e há alguns milhares de anos esses ambientes se tornaram florestas luxuriantes com uma complexidade muito grande de habitats. Acrescenta que “a UESC está num ambiente privilegiado, próxima a uma reserva natural em Una, numa área onde restam fragmentos da Mata Atlântica que deve ser preservada”.
A importância do estudo dos primatas é fundamental para a solução de diversos problemas relacionados à saúde do homem, “somos primos e muito parecidos geneticamente, ainda mais quando comparados a primatas chimpanzés, gorilas e orangotangos do continente Africano. Estudos têm mostrado que cerca de 98% do genótipo do chimpanzé é semelhante ou praticamente idêntico ao do ser humano, havendo aí apenas uma pequena variação de cerca de 2 por cento.”
De acordo com doutora Romari Martinez No campo da Primatologia, o Brasil destaca-se por possuírmos 110 espécies que representam cerca de um terço da diversidade existente no planeta. Várias destas espécies (60) são endêmicas do território brasileiro. Os primatas também são importantes bioindicadores da qualidade de seu ambiente. Mas, segundo a Lista das Espécies da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção publicada pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA) em 2003, 26 espécies de primatas brasileiros encontram-se ameaçadas de extinção. Apesar disso, a comunidade de primatólogos brasileiros é reduzida, e o país carece de programas de formação destes profissionais.
A Organização
O Curso está reunindo 21 alunos, biólogos e veterinários, representantes de 15 estados brasileiros. Além da UESC, participam como promotores, a Sociedade Brasileira de Primatologia, Instituto de Estudos Socioambientais da Bahia (IESB), Associação Pro-Muriqui e o Centro de Estudos Ecológicos e Educação Ambiental (CECO). Juntamente com o Dr. Fabiano, fazem parta da organização Mauricio Talebi (PROMURIQUI), Doutor em antropologia biológica e comportamento (University of Cambridge), Romari Martinez (UESC) Doutora em Ciências Biológicas (Universidade de Buenos Aires) Gabriel Rodrigues dos Santos (IESB) Geógrafo – Coordenador do Núcleo de Biodiversidade do Instituto de Estudos Socioambientais do Sul da Bahia.
Como convidados especiais o Dr. Adelmar Coimbra-Filho (Centro de Primatologia – RJ), Dr. Alcides Pissinatti (Centro de Primatologia – RJ), Dr. Milton Thiago de Mello (UnB), Dr. Anthony Rylands (Conservation International Washington DC), Dr. Rodrigo Cambará Printes (SEMA- RS), MSc Leandro Jerusalinsky (Centro de Primatas Brasileiros – ICMBio – PB), Dra. Kristel de Vleeschouwer (Zoológico de Antwerpia – IESB). A equipe técnico- cientifica é formada pelo mestres Lílian Silva Catenacci, Leonardo Oliveira, Leonardo Neves e Camila Cassano e, pelas biólogas Letícia Bastos Moreira, Priscilla Suscke Gouveia e Fernanda Tabacow.

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