Na esteira do forte crescimento econômico registrado na maior parte do ano, o mercado de combustíveis deverá fechar 2008 com volumes recordes comercializados, especialmente de álcool, que vão suplantar até mesmo patamar alcançado na época do Próalcool, no fim dos anos 80. A esperada retração da economia diante da crise financeira, no entanto, já começa a se refletir nesse mercado, que registrou, em novembro, queda no consumo de diesel e gasolina.
Projeção divulgada nesta terça-feira pelo Sindicom (Sindicato Nacional das Empresas Distribuidoras de Combustíveis) indica que o mercado de combustíveis crescerá 8,8% em 2008, totalizando 96,1 bilhões de litros comercializados, recorde histórico.
O boom do mercado de álcool também garantirá outro recorde em 2008. As vendas do combustível renovável crescerão, segundo a estimativa, cerca de 50% em relação a 2007, totalizando 13,1 bilhões de litros. Tal volume supera o pico observado até então, de 11,5 bilhões de litros, em 1990. Para o vice-presidente executivo do Sindicom, Alisio Vaz, o resultado reflete o boom dos carros flex fuel no país.
“O consumidor decide a melhor opção, e é isso que ele vem fazendo. O preço do álcool é atraente para ele”, afirmou, durante apresentação do balanço das atividades do sindicato, que reúne as principais distribuidoras do país, que juntas, detém 79% do mercado.
Vaz destacou ainda que cerce de 25% do álcool vendido no mercado tem alguma irregularidade.
Juntamente com o álcool, o óleo diesel impulsionou a expansão do mercado de combustíveis no país. O Sindicom projeta que as vendas de suas empresas, que representam 84% do mercado óleo diesel, terão incremento de 6,4%, totalizando 37,7 bilhões de litros. O Sindicom não fez estimativas para todo o mercado de óleo diesel.
Vaz disse, porém, que já foi observada, em novembro, redução de 3,3% do volume comercializado de diesel pelas distribuidoras ligadas ao Sindicom, na comparação com igual período em 2007. Ele explicou que foram identificadas fortes retrações em rotas que se destinam às exportações, como ferrovias que transportam produtos siderúrgicos e rodovias que ligam os portos.
“Temos informações de que há postos que estão reduzindo as vendas de óleo diesel, principalmente em rotas voltadas para exportação. Nas ferrovias, a retração é ainda mais forte. Considerando a sazonalidade, percebe-se redução de diesel”, observou.
As vendas de gasolina das filiadas do sindicato caíram 2,8% em novembro, em relação a novembro de 2007. Deve-se levar em conta que o mercado desse combustível está mais tímido, em função da concorrência do álcool. Mesmo assim, em 2008, as empresas do Sindicom, que detém 77% das vendas de gasolina, projetam crescimento de 1,3%, com total de 19,2 bilhões de litros.
As vendas de GNV (gás natural veicular) das empresas do Sindicom deverão cair 5,4%, afetadas pelos seguidos reajustes do combustível, que já chega a ser mais caro do que o álcool em alguns postos.
Alisio Vaz evitou fazer projeções para 2009, mas avaliou que o mercado de combustíveis ficará, no mínimo, estabilizado, caso haja uma expansão mais tímida da economia. Ele disse que uma possível redução dos preços dos combustíveis poderia ajudar a manter a demanda de gasolina em alta. Quanto ao diesel, frisou que o combustível é altamente dependente do movimento da economia.
Folha de São Paulo