O serviço de coleta de lixo já alcança 97,6% nas cidades, 90% de forma direta e 7,6% coletados indiretamente. Na zona rural, a coleta de lixo atinge menos de 27% da população (60% dos resíduos são queimados ou enterrados e 11,7% são jogados em terrenos baldios), segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). Ao mesmo tempo, a reciclagem de lixo, de acordo com informação de Mariana Jungmann, da Agência Brasil, é o principal entre os chamados empregos verdes no País. São 500 mil pessoas vivendo do lixo produzido nas grandes cidades.
Cerca de 200 mil toneladas de lixo são despejadas diariamente em aterros sanitários e lixões por todo o País, provocando além de doenças, poluição do solo, a emissão de gás metano, um dos causadores do aquecimento global, que provoca as mudanças climáticas. O metano é um gás com efeito-estufa 21 vezes superior ao dióxido de carbono (CO2). Apesar desses números, o Brasil tem apenas 29 projetos de mecanismo de desenvolvimento limpo (MDL) ligados a aterros sanitários, que buscam evitar a emissão 10 milhões de toneladas anuais de CO2, segundo dados do Ministério de Ciência e Tecnologia. A maior parte apenas captura e queima o metano. Dois aterros de São Paulo, Bandeirantes e São João, usam o gás para geração de energia.
O MDL tem permitido à prefeitura de São Paulo, além de todos os benefícios de evitar o lançamento do metano na atmosfera e a contaminação do lençol freático, gerar energia e vender os chamados créditos de carbono gerados com o projeto por valores superiores a R$ 30 milhões anuais, o que paga os investimentos. Cada crédito de carbono corresponde a uma tonelada de CO2 evitada e é vendida a países industrializados que têm metas obrigatórias de redução de gases-estufa. A cotação hoje gira em torno de 19 euros por tonelada.
Até prefeitos de outros países da América Latina já estiverem no Brasil para conhecer a tecnologia e as formas de negociação de créditos de carbono, mas poucos dos quase 6 mil prefeitos brasileiros se dispuseram a dar uma destinação inteligente para o lixo. Há lixões no País, inclusive, que comprometem a segurança de vôo, por estarem localizados em cabeceiras ou proximidades de aeroportos, atraindo aves que se alimentam de dejetos.
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