“Criação de Animais Silvestres: uma alternativa à crescente pressão de caça nas florestas tropicais”. Foi o tema da palestra da professora/Dra. Selene Nogueira, no VIII Congresso Internacional sobre Manejo de Fauna Silvestre na Amazônia e América Latina, realizado na cidade de Rio Branco/Acre, de 1 a 5 deste mês.
Trata-se do maior evento na área temática e reuniu mais de 600 participantes, entre professores e pesquisadores, de vários países da América Latina. Na palestra, a professora abordou que há necessidade de diferentes estratégias para contenção da caça comercial e diminuição do desmatamento para implantação de projetos agropecuários. Entre as estratégias possíveis, destacou a criação de espécies silvestres por populações de baixa renda que se valem da caça e do tráfico para terem retorno econômico.
Sobre o tema, ela apresentou dados a respeito da viabilidade econômica da produção comercial de caititus e capivaras em áreas de mata sob sistema de semi-confinamento. Neste tipo de produção, são respeitados aspectos comportamentais das espécies, garantindo seu bem-estar e, por requerer baixo investimento para sua implantação, pode ser facilmente executado por populações de baixa renda. “Desta forma, proporciona aumento da oferta de proteína para tais comunidades, além do aproveitamento do couro que pode ser usado para a confecção de vestimentas, calçados e artesanato que podem ser manufaturados com mão de obra familiar”. Explicou.
A Professora Selene Nogueira é do Departamento de Ciências Biológicas (DCB) da UESC-Universidade Estadual de Santa Cruz, e responsável pelo Laboratório de Etologia Aplicada (LABet) onde dedica seus estudos à etologia aplicada ao uso e conservação da fauna silvestre. O laboratório foi construído com recursos da FAPESB, CNPq e Comissão Européia. São mantidas em suas dependências três espécies de mamíferos com potencial zootécnico: capivara, caititu e queixada.
Atualmente, a Dra. Selene em conjunto com o Prof. Dr. Sérgio Nogueira Filho do Departamento de Ciências Agrárias e Ambientais (DCAA), coordena o Projeto Oxóssi, apoiado pelo CNPq, que visa incentivar a atividade de criação de animais silvestres em assentamentos rurais da Região Sul da Bahia, com o uso de mão de obra familiar, para fornecer proteína de origem animal à estas comunidades que, atualmente, consideram capivaras, caititus e pacas como pragas agrícolas por causarem prejuízos em seus cultivos de subsistência.