Este conjunto de demissões no Aeroporto de Ilhúes nada mais é que o primeiro impacto direto que a cidade sofre e sofrerá nos próximos tempos. Os efeitos danosos do cancelamento dos vôos no aeroporto Jorge Amado em Ilhéus traz à luz uma questão que atingirá a todos pobres e ricos.
Talvez a grande parte da população de llhéus por ter um poder aquisitivo menor não esteja dando a devida atenção ao problema. É claro que isto é facil de compreender, pois simplesmente por estarem sob a ótica do consumo do que está longe do seu poder de compra que é um pedaço de papel chamado cartão de embarque. A final de contas ” avião é para rico”. Todavia estas últimas demissões representam menos compra de bens de consumo que trarão um evidente efeito cascata que certamente atingirá muitos setores da economia regional e que todos, de uma forma ou de outra sentirão na pele.
Mas calma!! Diante da desgraça anunciada o nosso pãozinho de cada dia estará lá firme e forte.
Na prática e em se tratando de turismo, esta redução de vôos é trágica por vários motivos encadeados, pois num primeiro plano, resulta num menor poder de arranjo que as operadoras terão em desenhar roteiros turísticos mais atrativos (menos trabalhosos) e ou operar aqueles pacotes que habitualmente trabalham. E o que é pior, com tantos concorrentes por perto (Itacaré e outros rincões também sofrerão) como Porto Seguro, Morro de São Paulo e outros tantos, cria-se a facilidade em oferecer outros destinos aos turistas.
Outro fator que soma a estas questões é que os preços do áereo para chegar em IOS já estão mais caros na maioria dos vôos e isto deve-se a um efeito que é diretamente consequente da perda da economia de escala. Com menos demanda mais caro as coisas serão e menos competitivo nós seremos por mais que Jorge nos dê uma força. Em outras palavras estamos mais caros e ofertando menos.
Este menor fluxo acarretará certamente em fortes demissões na hotelaria..nos bares e restaurantes…nas empresas de transporte de turistas…menos táxis…(esses vão sofrer bastante, pelo menos não terão que acordar 03:00hs para buscar passageiros, mas também levavam mais $ para casa por cobrar justamnte a bandeira 2)…nas agências de receptivo (aquelas que cuidam dos turistas quando estes estão já nas cidades) e outros mais.
Num campo mais macro em termos de desenvolvimento turístico, setor esse que cresce e é motor de grandes economias com por exemplo a espanhola, este acontecimento (e se ele se concretizar) inibirá o investimento turístico oriundo do setor privado pelos próximos 5 anos. Ninguém em sã lucidez investirá dinheiro em uma região que não oferece condicões mínimas de chegada em larga escala e Ilhéus para muitos deles, é e agora seria nada mais do que uma simples opção geográfica.
A questão toda na verdade, permeia uma ação denominada consumo. E o engraçado disso tudo é que todas estas pessoas que de forma direta e ou indireta trabalham na atividade turística compram todos os dias o pãozinho das cidades que pertencem a Costa do Cacau. Com a redução do consumo em função aumento do desemprego direto o dono das padarias terão também que dispensar o Padeiro. Coitado do Padeiro que nunca havia antes viajado de avião.
O horizonte em um curto prazo é tão nebulozo que não somente os aviões deixaram de pousar em IOS mas a circulação de dinheiro na economia local e por mais que andar que andar de avião seja coisa de “rico”, consumir o pãozinho é coisa de todos.
Eduardo Mielke é Doutor em Desenvolvimento Turístico Sustentável pela Universidade de Málaga (Espanha) e é professor do LEA/UESC.