A esquizofrenia é uma doença mental onde há perda vital com a realidade. O esquizofrênico cria em sua mente um mundo à parte, é uma incapacidade total de associação de idéias. Evidentemente, a sociedade ilheense não anda acometida dessa doença, mas somente com essa associação poderemos tentar compreender o comportamento político de certas pessoas e seguimentos. Falta nexo de razoabilidade e de lógica política compreender certo tipo de raciocínio e tomada de posição. É uma alienação total, a loucura tomou o lugar da razão.
A política é sempre um processo, ela não é estanque e todas as conseqüências sempre têm causas, e vice-versa; por isso a reflexão e o debate são necessários para o esclarecimento de tomadas de posições nas escolhas dos candidatos.
O processo eleitoral não é um circo e nem uma arquibancada preenchida de torcedores de times de futebol. A derrota de nosso time nos faz ficar triste, de maneira rápida e passageira. Porém, a má escolha de um candidato, é um sofrimento que se prolonga no tempo e de conseqüências danosas e de correções difíceis que se prolongam por anos. Em um País, por exemplo, uma má condução econômica, pode fazê-lo perder décadas de desenvolvimento e mesmo inviabilizá-lo para sempre; com as cidades, mesmo em proporção menores e sem a tragédia da segunda colocação, as coisas não são tão diferentes: Uma administração desastrosa, sem projetos, sem planejamento, sem visão imediata e estratégica, leva tempo para se recuperar( quatro anos perdidos são mais de doze).
Recordemos o que se discutia e o que se esperava no período das eleições de Valderico: “Empresário bem sucedido, rico, gerador de milhares de empregos, não precisava roubar, iria apenas colocar a sua capacidade a serviço da cidade e do povo. Ele tinha “cultura e tradição”. No primeiro ano, parecia que tudo seria como o esperado e prometido: O homem entendia de oficinas,nas primeiras semanas começou prometendo a construção de um alto muro no Parque de Operações(como o Parque está hoje?); de imediato, leiloou quase todos os carros e máquinas, tidos como sucatas (quase noventa, restaram menos de dez); contratou a Queiroz Galvão, uma das maiores empresas do Brasil, existia máquina de limpar praias, varredora mecanizada, compactadores novos, 1º mundo; Ilhéus teria o seu Shopping na avenida, foi colocada a pedra fundamental; o Colo-Colo teria uma sede própria; foi realizado o maior carnaval da história (dois milhões de reais) e os salários foram pagados em um lote só. Era a redenção, “Ilhéus era a cidade romance do Brasil.”
Agora saindo da ficção. Qual o projeto e o planejamento da cidade hoje? Fazer coleta de lixo, tapar buracos rolando paralelos, pintar muros e meios fios, e pagar salários mais ou menos em dias, é, verdadeiramente, governar bem uma cidade? Quais as pendências do Município com os Órgãos Federais? Por que não foram resolvidas? Por que foi tomada a decisão política de não regularizar e, em razão disso, milhões de reais tiveram que ser devolvidos?Será que basta ao Município, o que está se fazendo? Será que não é importante ter uma boa articulação com os governos estadual e federal? Será que a única opção de Newton seria fazer o que está fazendo?
Respondo: Não. Newton poderia ter realizado a arrumação administrativa necessária para Ilhéus; poderia ter regularizado as pendências com os Ministérios e outros órgãos federais; poderia ter preparado Ilhéus para o futuro;poderia ter contratado uma instituição tipo o IBAM( Instituto Brasileiro de Administração Municipal) e organizado a Máquina Pública, teria apoio político e social para isso. Porém preferiu retalhar os órgãos públicos com os vereadores e realizar uma administração burocrática e rotineira. Newton poderia ter se redimido de suas omissões e conivências com Valderico. Não fez!
Valderico-Newton é um governo de uma moeda só. Valderico é a cara, o caos. Newton é a coroa, o oportunismo do silêncio conivente e o aproveitamento do caos deixado, conquistando uma simpatia, decorrente da boa-fé da população, em conseqüência da realização de uma operação de limpeza e tapa buracos (emergência que se tornou, pela propaganda, em grande política). Ele contou, para tanto, com o apoio da maioria dos vereadores e com o silêncio dos meios mediáticos. Caso vença as eleições, o seu governo será a crônica de uma tragédia anunciada: não será tão ruim como o de Valderico, mas será sempre um arroz com garapa. O ilheense terá que ter paciência chinesa!
Mas tal não acontecerá, pois só quem tem interesses ou obtusidade plena, agirá como se a cidade fosse um asilo de alienados. Não é, o eleitor não será enganado, ele sabe que Newton e Valderico é uma moeda só!
Carlos Pereira é Advogado, Professor universitário/UESC, Político e Articulista.