Associação de produtores demonstra preocupação com a situação da Região Cacaueira

Após toda a divulgação do PAC do cacau anunciando recursos da ordem de R$ 2,2 Bilhões para a região Cacaueira do Sul da Bahia, incluindo a renegociação de dívidas da vassoura de bruxa os produtores de cacau representado pela APC (Associação dos Produtores de Cacau), vêm demonstrando preocupação com a forma como vem sendo conduzido este processo. Segundo Henrique Almeida presidente da APC, apesar da boa vontade demonstrada pelo Governo Federal e Estadual em resolver a problemática do Cacau inclusive reconhecendo que o cacau vem recebendo um tratamento diferenciado de outras culturas, no entanto ainda assim a proposta apresentada não é factível com a realidade vivida pelos cacauicultores com impacto sobre a economia, meio ambiente e a sociedade de forma geral. Segundo o mesmo, o cacau é uma cultura agro florestal, que durante 250 anos além de gerar divisas e riquezas para o estado e a nação, foi a atividade agrícola menos impactgante para o bioma Mata Atlântica, reconhecido por instituição ambientalistas nacionais e internacionais. O problema é que para se recuperar a lavoura e voltarmos a produzir riquezas, precisaríamos de financiamentos com prazos de carência maiores, já que o cacau para se tornar produtivo e gerar renda é necessário no mínimo 08 anos, neste aspecto além do rebate das dívidas não ser suficientes, sem um prazo dilatado para se pagar o resto das dívidas a atividade cacauicultora estaria correndo um serio risco.

Esta situação concorre para que o sistema conhecido como cacau-cabruca responsável pela manutenção do maior bloco de “mata atlântica do nordeste brasileiro” esteja ameaçado, sendo importantíssimo para a conservação da biodiversidade, solo e água, além de muitas outras funções como a conexão entre fragmentos de floresta nativa, os chamados corredores ecológicos. Além disso o cacau na Bahia é a cultura que mais emprega com uma estrutura agrária de baixa concentração fundiária ao contrário de outras lavouras.

De fato as políticas públicas para a lavoura cacaueira precisariam inclui medidas inéditas pela suas peculiaridades, a exemplo de crédito por desmatamento evitado, plantio de árvores nativas para corte, utilização de madeira morta, já que a mesma pode chegar a 220 metros cúbicos de madeira por ha., domesticação de bromélias e orquídeas, coleta de sementes e outras atividades associadas a sua agro biodiversidade que se exploradas de maneira sustentável poderia aumentar a capacidade de pagamento e o potencial de geração de renda, associando conservação a uma economia diversificada e sustentável.

Se a CEPLAC e o CACAU foram no passado modelo para a formação da EMBRAPA e para o agronegócio brasileiro com certeza hoje podemos ser modelo para uma agricultura sustentável e ecológica, caso o governo não tenha esta percepção toda a região irá sofrer os danos da devastação deste patrimônio que é de todos nós e que já vem a muito sendo dilapidado, com a perda de mais de 150 000 ha. de cabrucas e de nossa querida Mata Atlântica.

Por fim propõe que a cacauicultora incluindo o PAC do Cacau e a renegociação das dívidas seja reconhecida de direito como uma cultura agro florestal que merece ser tratada com tal, sendo enquadrada no já existente FNE Verde.

Box FNE Verde

“O FNE Verde destina-se ao financiamento de atividades produtivas com ênfase na conservação ambiental e itens de proteção ambiental das atividades produtivas em geral, contemplando empreendimentos de agropecuária orgânica, incluindo a conversão dos sistemas tradicionais para orgânicos, manejo florestal, reflorestamento, agrossilvicultura e sistemas agroflorestais, geração de energia alternativa, sistemas de coleta e reciclagem de resíduos sólidos, estudos ambientais, implantação de sistemas de gestão ambiental e certificação, tecnologias limpas, recuperação de áreas degradadas etc. É resultante da política ambiental implementada pelo Banco, onde o meio ambiente é visto não somente como uma dimensão inerente e indispensável ao desenvolvimento sustentável, mas também como oportunidade de negócios.”

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