DECLARAÇÃO Á IMPRENSA SOBRE A IGNOMINIA DO ATAQUE E DESTRUIÇÃO DA USINA VICTÓRIA

Como dirigente desta organização, confesso que faço esta declaração sob o impacto da forte emoção que me causou este terrível incidente. Jamais passou-me pela cabeça que algo de longe parecido pudesse acontecer nesta amada cidade onde há poucos dias comemoramos o nosso Centenário. Em nossa longa historia, já passamos por muitos prefeitos. Fomos amigos até aliados de alguns. Outros tiveram interesses que entraram em choque com os nossos interesses. Algumas vezes levávamos a melhor, outras vezes ficávamos com a pior. Em geral, com o passar dos tempos, fomos encontrando cada vez mais dificuldades com os prefeitos que se elegiam. Uns prefeitos são mais esclarecidos, outros menos esclarecidos. Houve um que tão irritado ficou quando construíamos a Usina Helvetia em Itabuna, que mandou cortar a energia, fato que retardou por mais de um ano a inauguração da mesma. Naqueles tempos tínhamos de arcar com tudo, energia própria, água tratada própria etc. Foi maior investimento que a cidade recebeu até então. Mas isto é a democracia.

As nações em desenvolvimento como a nossa sofrem aquele problema das camadas mais carentes, que por causa disso enfrentam maiores problemas na escolha dos seus candidatos. Estas idas e vindas, todavia talvez expliquem porque a fortuna que rolou por nossas estradas, propiciada pelos bons tempos do cacau, não deixou aqui riquezas como aconteceu em outros lugares como São Paulo e o café, assim como em outros lugares do mundo. Para no final sermos derrotados por um fungo.

Porém o que me deixou estarrecido desta vez, foi como um grupo que assim age, conseguiu se encastelar no poder da, se não a principal, pelo menos a mais tradicional das cidades da região. E não vamos desta vez culpar o eleitor, porque tal grupo nem pelo voto passou. A destruição súbita e traiçoeira da Usina Victória excedeu em tudo o que a imaginação mais doentia poderia pensar. Os preparativos, a forma da execução, em nada perdem para as tramas urdidas nos tenebrosos tempos da antiga Chicago e o seu Al Capone. Tudo devidamente planejado. Nem faltou, para começar, uma ambígua reunião na Associação Comercial de Ilhéus, onde eu descortinava o austero retrato do meu pai, um dos fundadores e segundo Presidente da Casa, de cuja reunião participei e declarei que tínhamos planos para o prédio da Usina, mas na qual se percebia que o objetivo era a desapropriação da área para algum plano megalomaníaco, em uma comunidade que vive carente de recursos por causa da persistente crise do cacau, na expectativa do socorro governamental, com muitos outros problemas mais importantes. Enfim, na hora, tudo isto me fez suspeitar que algo de nebuloso se tramava. Não havendo dinheiro para pagar a desapropriação, foi “encontrada” uma forma simples, para não dizer simplória. Derrubar o prédio porque terra nua é bem mais barata. Então o chefe juntou os seus prepostos. Auxiliares ditos de alto coturno, prepararam a ação na surdina, a desencadear-se de impacto. A vítima deveria ser pega de repente, em um final de semana, e tudo se desenrolaria rapidamente, para que não desse tempo da Justiça agir. E foi assim que tudo aconteceu. Fato consumado, tudo resolvido. Entretanto nem tudo correu como o grupo queria. A Justiça pode se enganar nas instancias inferiores, pois errar é humano, a Justiça pode tardar, mas um dia ela dá o direito a quem o possui. A região está cheia destes exemplos como no caso recente da Prefeitura de Itabuna que teve de mudar-se ás pressas.

Procurando desvendar a razão do acontecimento que me atordoava, dividi o problema em quatro pontos. Primeiro quase todo Prefeito, o que logo pensa ao assumir, é em desapropriar algo dos Kaufmann. Despeito, vingança privada por motivos não localizados. Só Freud explica. Segundo, motivos ideológicos, com isto pretendem ganhar votos das camadas mais carentes, mas na verdade locupletando-se. Assim agem os Robin Hoods da vida moderna. Terceiro melhor desapropriar terra nua do que área construída. Quarto, o comercio de ferro velho vivia rondando a fábrica, aliás, muito se furta em todo o Brasil principalmente ferro velho, cobre etc. Noutro dia vi estampado em uma loja “compra-se cobre”. Afinal não temos minas de cobre. Um receptador alimenta mil ladrões. Usam lojas de fachada que um dia precisam receber maior atenção da polícia se quisermos de fato reduzir este lado da criminalidade.

Baseado em documento jurídico discutível, máquinas poderosas fizeram rapidamente o trabalho. Sem intimação e ao total arrepio da lei. Quando chegou o mandado de suspensão da demolição por decisão do Tribunal de Justiça do Estado da Bahia, obstaculizaram de todas as formas. A primeira reação de um dos componentes da equipe foi redobrar o serviço, trazendo maquinas maiores. Enquanto isso, alem do saque que o povão perigosamente realizava, caminhões eram apressadamente carregados dos desmantelos das máquinas, por guinchos empregados na demolição, tomando logo o rumo de algum comprador de ferro velho.

Quase tudo destruído, resta a nossa organização através ação pela vara cível, para ressarcimento do prejuízo uma vez que comprovada a má fé de toda a operação. O prefeito tem de ser acusado de formação de quadrilha; exorbitância de poder, dificultar a defesa da vítima; desrespeito e empecilhos ao funcionamento da Justiça. O velho princípio, mandado não se discute (nem dificulta), se cumpre. Os “fora da lei” é que não respeitam a JUSTIÇA. É esta a situação do prefeito e sua turma, nesta embrulhada. Por tudo isto, não será justo punir a nossa comunidade, e deixar os autores do malefício impunes. Entrarei também com ação na Vara Crime. Devo procurar acionar o Ministério Público para pleitear a prisão do principal responsável e dos seus associados. Com os mesmos em liberdade, pela forma que agiram, não será difícil imaginar o que não farão para eliminação de todos os meios de prova. Em direito penal tem de se levado em alta conta a periculosidade do autor. Ao lado disso nós queremos que as indenizações saiam dos bolsos dos que urdiram e praticaram a destruição patrimonial da organização que represento. Eles se valeram de falsas justificativas demagógicas. Seus bens deverão ser bloqueados a fim de que não ocorram evasões durante o curso do processo através de transferências para parentes e para terceiros. Para piorar a situação deles, circulou na cidade e na região uma outra versão, que uma negociata teria sido armada com um Supermercado que vai se instalar em frente, na antiga Administração do Porto, para que a Usina Victória fosse arrasada para dar lugar ao estacionamento do supermercado, indispensável ao tipo de empreendimento. Ai já não é mais comigo. Esta nova versão implica em Direito Publico, cabendo ao Ministério Público, ou a Câmara, ou a Tribunal tomarem a iniciativa, inclusive por se tratar de improbidade administrativa, peculato. De fato eu ficara intrigado pelo fato deles haverem iniciado a destruição da Usina, justamente pelo seu lado mais forte, mais novo. O belo sobrado foi construído em 1947, quase 10 anos depois da inauguração da fábrica ali, em 1939. Tinha dois andares, e o pé direito era excepcionalmente de 5 metros. O seu construtor, Salomão da Silveira, que por igual construíra a própria Usina Victória, dominou por muitos anos a indústria de construção civil ilheense. Na dúvida sobre os cálculos, ele gastava muito ferro e cimento. Suas construções eram feitas para durar séculos, e a sua obra máxima está lá na imponente Catedral de São Sebastião. A verdade é que os destruidores queriam começar logo pela frente que dava para onde vai se instalar o novo supermercado. Alem disso quiseram fazer desaparecer a prova sobre a robustez da construção que eles afirmavam estar para cair, colocando em perigo a população. Aqueles que testemunharam o desastre afirmam que foi onde eles tiveram maior trabalho, a despeito da potencia do maquinário utilizado. Esta resistência, aliás, foi generalizada por toda a fábrica como publicado em jornal eletrônico por advogado que observava pessoalmente os trabalhos. E a segunda chaminé que substituiu a primeira, foi elevada em 1949.
A nossa organização com isto fará uma boa contribuição ao município, para que gente com este tipo de comportamento, não se mantenha no poder, ou mesmo venha a se eleger, porque poderá com isto e por causa disto, ficar inelegível, cuja lei está sendo objeto de interpretação pelo STJ.

Hugo Kaufmann Jr.

Do Expediente de HUGO KAUFMANN
Rodovia Br 415 nº. 6920 SESMARIA VICTORIA Banco da Victória 45660 Ilhéus-Bahia
email: hukaufmann@bluewin.ch

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