Supermicroscópio dobra alcance óptico

Um nova tecnologia para microscópios permite dobrar a resolução desses equipamentos e, com isso, os cientistas conseguem enxergar estruturas de cerca de 100 nanômetros, a largura de um fio de cabelo dividida por 500. De quebra, a nova técnica ainda permite produzir imagens de alta resolução multicoloridas e tridimensionais, que revelam detalhes de células humanas nunca vistos por equipamentos convencionais.

A invenção é apresentada hoje por Lothar Schermelleh, da Universidade Ludwig Maximilians, em Munique (Alemanha), e seus colegas em estudo na revista americana “Science” (www.sciencemag.org). Os cientistas divulgaram com o estudo um mapeamento 3-D do núcleo de uma célula.

O equipamento descrito é um microscópio de fluorescência –que marca as amostras com moléculas de flúor. O novo método de ampliação foi batizado de “microscopia tridimensional de iluminação estruturada” (3D-SIM). Uma das inovações da técnica é que os objetos a serem observados recebem uma iluminação de três feixes de luz.

Com uma fonte de iluminação mais controlada, as informações da imagem são preservadas com uma resolução mais alta, e esses “dados extras” podem ser decodificados para reconstruir detalhes específicos.

Uma limitação essencial na microscopia óptica hoje é a baixa resolução em relação à escala das estruturas celulares. Os melhores microscópios ópticos têm resolução suficiente para ampliar objetos que têm entre 200 e 300 nanômetros.

De acordo com Heinrich Leonhardt, também da Universidade Ludwig Maximilians, o instrumento será importante principalmente no estudo da “arquitetura das células”.

“Muitas estruturas celulares não podem ser estudadas com o microscópio óptico convencional porque elas são menores do que o limite da resolução”, afirmou o pesquisador à Folha.

Microscópios eletrônicos -que iluminam a amostra com feixes de elétrons em vez de luz- são muito mais poderosos, mas não permitem a observação de material vivo.

Preço sob consulta

Na opinião de Leonhardt, o novo microscópio óptico, que ainda não está no mercado, “abre um novo mundo de possibilidades”. “Agora, finas e complexas estruturas macromoleculares podem ser estudadas diretamente. E é a combinação da alta resolução e de se obter imagens multicoloridas e em 3-D que torna esse microscópio único e tão valioso para a biologia celular”, diz.

Além de ajudar nas pesquisas biomédicas (“você só consegue estudar aquilo que vê ou mede”, afirmou Leonhardt), o equipamento pode ser útil na investigação de mudanças durante o desenvolvimento e envelhecimento celular e também em casos de doenças.

O novo microscópio deve chegar ao mercado no próximo ano. O valor estimado dos primeiros exemplares do equipamento, entretanto, não foi divulgado. Os inventores afirmam que o novo microscópio não é mais difícil de manusear que o convencional.

Folha de São Paulo

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