O exercício de cidadania continua e a cidade de Ilhéus prossegue debatendo a questão do complexo do Porto Sul, que o governo de estado da Bahia propõe seja construído ao norte de Ilhéus.
Em Ilhéus o turismo é uma atividade, que já movimenta e anima à cidade (principalmente no verão) gerando muitos empregos, isso ninguém pode negar. Quando a cidade recebe seus visitantes, é o melhor momento para a economia local, os agricultores vendem mais produtos, os donos de bares e restaurante lotam suas casas, os artistas tocam nos bares, navios desembarcam milhares de turistas e o comércio tem seu apogeu., enfim toda a cidade gosta e cria um astral diferente de movimentação, de gente bonita, festas e tudo mais que caracteriza uma boa cidade praiana.
Apesar desses bons momentos é notório que a cidade atravessa um momento econômico de estagnação. O Porto Sul e seu complexo de empreendimentos propõem uma revitalização da economia do município (certamente vai gerar alguns milhares de empregos e alguns milhões a mais nos cofres públicos) o que pode ser muito importante numa região onde a economia ficou debilitada com a crise do cacau nas últimas décadas.
Os economistas dos recursos naturais explicam que não há desenvolvimento sem poluição (impactos ambientais), mas defendem que há um “ótimo” de poluição que não compromete os recursos naturais de forma irreversível e devastadora e gera crescimento econômico e bem estar social.
No entanto sabemos que no Brasil, as coisas às vezes andam apertadas ou soltas demais, basta observar a foto do Porto da Ponta da Madeira, que ganhou nota máxima como melhor porto do país (9,3) segundo o Centro de Logística da Coppead/UFRJ. Esse Porto se localizado num bairro da cidade de São Luis. É um porto de exportação de minério de ferro como o que vem para Ilhéus. Será que os proponentes da criação do Porto Sul querem um deposito de minério de ferro na beira da praia? Na Ponta da Tulha ou próximo a Lagoa Encantada?
“Prevenir é melhor que remediar” diz o dito popular e analisando a foto do Porto de Ponta da Madeira em São Luís no Maranhão, me pergunto: será que os ambientalistas estão errados em defender que a questão ambiental seja levada em conta no projeto? Em defender que o Porto não comprometa áreas importantes de conservação ambiental e do Turismo?
Será que faremos um Porto como o de Vitória (Tubarão), que foi instalado em frente à cidade, com pilhas de minério de ferro expostas ao vento e que segundo o relato de moradores: “É do Porto de Tubarão, igualmente, que partem as colossais nuvens de minério de ferro, que tingem de preto toda a extensão da cidade e se depositam nos alvéolos pulmonares dos capixabas. Trata-se de uma salutar medida governamental para diminuir a expectativa de vida da população, de modo a mantê-la sempre sob controle.” www.desciclopedia.org.br/wiki/Vitória
Depósitos de ferro no porto de Tubarão- Vitória/ES.
Será que queremos esse crescimento a qualquer custo para nossa cidade?
No entanto a esperança que nunca morre, renasce com a implantação da comissão a ser criada para o processo de articulação e execução das atividades preliminares do grupo de trabalho de acompanhamento institucional do projeto do Porto Sul.
Esperamos por uma comissão ampla, com participação dos vários segmentos socioeconômicos e ambientais da sociedade Ilheense e regional, que se proponha a equacionar os diversos problemas já existentes e os que surgirão com a implantação do empreendimento, para que a obra venha efetivamente somar, para que Ilhéus brilhe sempre mais e fique cada vez mais linda.
Luciano Sanjuan