Atendendo a um desejo de toda a sociedade ilheense, o Governo do Estado fez na tarde de ontem (9), durante sessão especial promovida pela Câmara de Ilhéus, a apresentação do Porto Sul, projeto que deverá ser implementado na Ponta da Tulha, zona norte do município, através de uma parceria público-privada. Solicitada pelos vereadores Jaílson Nascimento e Carmelita Ângela, a sessão foi prestigiada por importantes autoridades políticas, ambientalistas e técnicos governamentais. Durante cerca de uma hora e meia, o representante da secretaria estadual de Indústria, Comércio e Mineração, Antônio Celso, expôs os principais pontos da iniciativa que, em síntese, visa à integração oeste-leste do Estado por intermédio do escoamento de minérios, grãos e biocombustíveis.
Falando para um plenário repleto, o representante do governo baiano dividiu sua exposição em três partes: porque construir o porto sul, como ele será implementado e quais serão os principais benefícios trazidos para Ilhéus. Antônio Celso explicou que o novo equipamento será a linha de frente de um grande projeto de desenvolvimento que, entre outros, incluirá ferrovia, aeroporto, rodovias e terminal turístico e de cargas. Com relação ao primeiro ponto de sua exposição, o técnico ressaltou a importância da descoberta em Caetité, no semi-árido baiano, de uma imensa jazida, cuja produção precisará de uma logística mais moderna para ser escoada. Antônio Celso lembrou que a estrutura de escoamento da Bahia ficou inteiramente saturada. “Os portos de Aratu e Salvador encontram-se estrangulados. Além de uma hidrovia atualmente desativada, temos apenas uma ferrovia e algumas estradas federais, como a BR-101 e a BR-116. Quer dizer, é muito pouco para um Estado que deseja integrar-se ao Centro-Oeste e ao Sul do país”, disse.
Entre as medidas planejadas pelo Governo para viabilizar o novo complexo portuário, Antônio Celso citou a modernização do Aeroporto de Ilhéus e das BRs 101 e 116, a implantação da ferrovia oeste-leste, a criação de um porto pesqueiro e o surgimento de um terminal alfandegado. “Os investimentos, que serão disponibilizados pela iniciativa privada, consumirá vários milhões de reais”, pontuou. Durante seu pronunciamento, o técnico também enfatizou que o governador Jaques Wagner não implementará nenhum projeto de desenvolvimento em Ilhéus se a sociedade local não desejar. “Ele é o autor da Lei que protege a Mata Atlântica. Por isso e por outras posturas, o governador jamais fará algo que vá de encontro à sua biografia, à sua história de homem democrático”, opinou.
Ponta da Tulha – Referindo-se especificamente sobre o local escolhido para a implantação do Porto Sul, Antônio Celso garantiu que a Ponta da Tulha reúne, segundo os estudos feitos até agora, as melhores condições para receber os novos investimentos. “A Área de Preservação Ambiental da Lagoa Encantada possui 146 mil hectares. Já a poligonal traçada, cerca de 1.800. Desse modo, dá para perceber facilmente que a preocupação ambiental sempre integrou nossas preocupações. Posso garantir a todos que nossa proposta é construir um projeto de desenvolvimento, mas sem jamais nos esquecer da utilização racional e sustentável dos nossos recursos naturais”, comentou, acrescentando que o Porto Sul e todo o seu complexo estrutural recolocarão Ilhéus na rota de desenvolvimento do Brasil, gerando, aproximadamente, entre 6 a 8 mil empregos.
Já o presidente do Instituto “Floresta Viva”, professor Rui Rocha, declarou que os estudos feitos até agora pelo Governo do Estado visando à identificação dos prováveis prejuízos ambientais causados pela construção do Porto Sul são extremamente frágeis. “Com esse novo equipamento, estaremos mudando radicalmente o modelo de desenvolvimento instalado no município. O Governo precisa respeitar as vocações naturais de Ilhéus. É sempre bom lembrar que a APA da Lagoa Encantada é um patrimônio da Bahia, do Brasil e do mundo. Por isso, sob pena de sermos irresponsáveis com as futuras gerações, não podemos deixar que ela seja ameaçada. Entendo que o grande problema do Porto Sul é a sua localização. Porque não se pensar, por exemplo, em uma área já degradada ou capaz de apresentar impactos menores?”, perguntou Rui Rocha.
Presenças – A sessão especial sobre o Porto Sul também foi prestigiada pelo deputado federal Raymundo Veloso, secretários municipais José Nazal, Governo, Antônio Olímpio, Meio Ambiente, e Paulo Goulart, Planejamento; representante do Ministério Público estadual, promotora Karina Cherubini; representante do Gac, Marcelo Mendonça; comandante do II BPM, cel. Júlio Filho; diretor da Direc, Edney Mendonça; e pelos presidentes da ACI, José Leite, da Maramata, Geerdson Ribeiro, do Sindicato dos Estivadores, Emerson Tavares, do Sindicato dos Radialistas, Marinho Santos, do PT, Eliezer Correia, do PP, Jamil Ocké, e do PSL, padre Nildemar Andrade, entre vários outros.