A Câmara de Turismo da Costa do Cacau, composta por 13 municípios da região sul da Bahia, realizou a primeira reunião do ano questionando a viabilidade do projeto Porto Sul. O encontro aconteceu na tarde da última segunda-feira (17), no Centro de Convenções Luís Eduardo Magalhães, em Ilhéus. O coordenador, Luigi Massa, disse que é preciso “esclarecer detalhes e objetivos do projeto do Governo do Estado”.
Durante a reunião da Câmara de Turismo, estiveram presentes os conselheiros representando o poder público, a sociedade civil organizada e o núcleo técnico dos municípios que compõem a entidade. Na oportunidade, também esteve presente o representante do secretário estadual de Turismo, José Carlos Oliveira, alem dos secretários municipais do Turismo, Hermano Fahning e de Meio Ambiente, Antônio Olímpio da Silva.
Preocupada com o desenvolvimento turístico da Costa do Cacau, a Câmara de Turismo vem procurando questionar o projeto do Porto Sul, uma vez que o equipamento prevê o uso de uma área de 1700 hectares, na praia de Ponta da Tulha, na zona norte do município. O local tem atraído empreendimentos do setor hoteleiro e imobiliário, que podem ser comprometidos caso o Porto venha ser construído.
Cinco grandes investimentos, orçados em 623 milhões de reais estão previstos para áreas próximas ao local do Porto Sul: Wondertour Bahia, Invest Tur, Costa do Cacau Golf Resort, World Wide Destinations e Makenna Resort. Os três últimos estiveram representados durante a reunião da Câmara de Turismo, a fim de esclarecer seus projetos, que se propõem a serem sustentáveis, preservando a Mata Atlântica.
De acordo com o representante do grupo inglês World Wide Destinations, Mário Pessoa, por causa do anúncio da construção do novo Porto as obras foram paralisadas, uma vez que 30% do local foi desapropriado. Dos 60 funcionários originais, restam apenas cinco. Já Thilo Scheurmann, do Makenna Resort, informou que, caso o Porto ocupe a área prevista, inviabilizará a construção do empreendimento, atualmente em fase de conclusão.
Após o posicionamento dos representantes dos empreendimentos turísticos, o diretor do Instituto Floresta Viva, Rui Rocha, apresentou o projeto conceitual do Porto Sul. A iniciativa, que compreende também a ferrovia Oeste-Leste, está orçada em 4 bilhões de reais. Desse valor, 1,2 bilhões serão destinados ao Porto. “Por estar numa área de proteção ambiental e de potencial turístico, solicitamos ao Governo do Estado a revisão do local de implantação do Porto”, afirmou Rui.
O representante do secretário estadual de Turismo, José Carlos Oliveira, ouviu as reivindicações propostas durante a reunião da Câmara de Turismo da Costa do Cacau. A implantação do Porto Sul voltará a ser abordada no próximo dia 26, quando o secretário estadual de Indústria, Comércio e Mineração, Rafael Amoedo, estará em Ilhéus, em reunião com o prefeito Newton Lima e seu secretariado. Espera-se que, na oportunidade, sejam esclarecidas as dúvidas sobre como o novo Porto poderá contribuir para o desenvolvimento do município e da região, sem ferir os interesses turísticos e ambientais. Espera-se, com essa seqüência de reuniões, que os questionamentos levantados sejam motivo de revisão da localização escolhida pelo Governo Estadual para o novo Porto.