Sociedade levanta questionamentos sobre a construção do novo Porto Sul

O Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia (CREA) e o Ministério Público realizaram, na noite da última sexta-feira (14), uma reunião para discutir a opinião da sociedade sobre a implantação do Porto Sul, que deve ser construído na praia de Ponta da Tulha. O encontro aconteceu no auditório do Ilhéus Praia Hotel, reunindo entidades ligadas ao setor turístico e ambiental, além de cidadãos interessados no assunto.

Frederico Costa,Antônio Olímpio, Tatyana Bonfim,Luigi Massa e Rui Rocha

A reunião foi aberta com a composição da mesa, formada pela inspetora do CREA, Tatyana Bonfim, o secretário municipal de Meio Ambiente, Antônio Olímpio da Silva, o gestor da Área de Proteção Ambiental (APA) do Rio Almada, Frederico Costa Curta e pelo presidente da Associação de Turismo de Ilhéus (Atil), Luigi Massa. “O objetivo do encontro foi mobilizar diversos setores para divulgar informações sobre o projeto do Porto Sul para que cada um possa se posicionar”, explicou Tatyana, que também coordenava o evento.

O projeto do Porto Sul, elaborado pelo Governo Estadual, foi apresentado pelo diretor do Instituto Floresta Viva, Rui Rocha. Ele mostrou que a intenção do Governo é a integração oeste-leste da Bahia. O Porto Sul estaria integrado à ferrovia originária de Caetité, que servirá para o escoamento de minérios, grãos e biocombustíveis destinados à exportação.

Segundo o projeto do Governo Estadual, a implantação do Porto Sul acontecerá através de parceria público-privada e não estará submetido a Codeba. O equipamento será instalado em alto-mar, a três quilômetros da costa, com tratamento integral dos resíduos, uma vez que o minério virá misturado em água e filtrado na área portuária.

Antes de escolher o local, para a construção do Porto Sul, o Governo Estadual havia considerado cinco outros pontos: o Porto do Malhado, Distrito Industrial de Ilhéus, Aritaguá, Serra Grande e Campinho. Contudo, Ponta da Tulha foi apontado como o mais favorável, mesmo estando no meio de um Minicorredor Ecológico, entre a APA da Lagoa Encantada e o Parque Estadual da Serra do Conduru.

O Porto Sul vem tomando forma de maneira acelerada. No dia 13 de janeiro deste ano, o Governador Jaques Wagner afirmou que não havia definição de local para o novo Porto. Mas, no dia 19 de fevereiro, foi assinado decreto desapropriando a área próxima à rodovia Ilhéus – Itacaré, com mais de 17 milhões de metros quadrados. O secretário Antônio Olímpio disse que a Prefeitura não foi comunicada oficialmente de quaisquer atos. E acredita que “é necessário um amplo debate, com responsabilidade”.

O impacto no segmento turístico foi questionado pelo presidente da Atil. Segundo Luigi Massa, “a vocação de Ilhéus é o ecoturismo, que atrai empreendimentos grandes, que podem oferecer empregos diretos e indiretos à comunidade local”. Um exemplo é o Entre eles está o grupo inglês World Wide Destinations, que pretende desenvolver, em área próxima ao novo Porto, um empreendimento orçado em 500 milhões de reais.

Apesar de gerar opiniões divergentes, a maioria das colocações a respeito da implementação do novo Porto apontou o projeto do Governo do Estado como inconsistente e precipitado. Entre os pontos questionados é o grande impacto ambiental e o quanto de benefício econômico poderá trazer para a cidade. Por isso, foi acordado que haja outros encontros para discutir a viabilidade da iniciativa e cobrar esclarecimentos das autoridades estaduais.

FLORESTA VIVA / ASCOM

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