O resultado da auditoria divulgada na quarta-feira, 27, decepcionou por excluir inúmeros casos de corrupção denunciados desde 2005. O relatório “esqueceu” da compras suspeitas de medicamentos na Landex, de Lauro de Freitas.
Esqueceu a farra da ex-secretária municipal de governo, Lucina Reis, em restaurante de luxo em Salvador, a contratação de escritório de advocacia de Salvador e o contrato de R$ 3.263.424,36 com a empresa Queiroz Galvão.
A empresa teria vencido um contrato emergencial, de seis meses, para fazer a limpeza pública. Já com a Landex o município tinha, no início de 2005, um contrato de R$ 1.290.692,62. Na época o vereador Alisson Mendonça (PT) afirmou que o contrato para o fornecimento de medicamentos foi feito sem licitação.
A auditoria não trouxe nenhuma informação sobre as diárias pagas para que o ex-prefeito visitasse os distritos do município nem informa sobre o pagamento de mais de uma tonelada de carne para uma creche com 60 crianças.
Outros escândalos ignorados pela auditoria foram compra de mais de uma tonelada de carne para a Creche Dom Eduardo, que funciona no bairro São Francisco e o contrato de R$ 200 mil com a Bahia Mister, uma empresa de segurança com sede em Salvador.
Haja carne
No ano letivo de 2005 a creche Dom Eduardo funcionou com apenas 60 crianças mas, de uma única vez, a prefeitura teria adquirido 180 quilos de músculo bovino, 190 quilos de cruz machado, 310 quilos de carne moída e 410 quilos de frango, conforme nota fiscal 0893. O documento foi emitido no dia 14 de julho de 2005.
Além de mais de uma tonelada de carne, a nota fiscal mostra que no mesmo dia o município teria pago por 210 pacotes de café, 210 quilos de açúcar, 84 quilos de chuchu, 84 quilos de tomate, 210 quilos de arroz, 77 quilos de batata, 140 quilos, 98 potes de margarina.
Uma pesquisa rápida nos arquivos de A Região e no site do Tribunal de Contas dos Municípios revela dezenas de processos de pagamento irregulares, que podem ter causado prejuízos aos cofres públicos superior a R$ 5 milhões somente em 2005.
Mas na quarta-feira, 27, o município divulgou apenas os dados relativos a janeiro de 2006 e julho de 2007. E deixou de lado todo o setor da Saúde.
O relatório revela que houve uma verdadeira farra com a locação de veículos, máquinas e equipamentos, sendo gastos R$ 7.146.853,20. O município também estaria gastando mais de R$ 90 mil mensais com a locação de sete ônibus.
Embora locasse boa parte dos carros, o ex-prefeito Valderico Reis teria gasto R$ 214.718 com peças e manutenção de veículos entre janeiro de 2006 e julho de 2007. O dinheiro dava para comprar, no mínimo 10 carros populares.
Até sexta-feira, 29, a Câmara de Vereadores esperava cópia do relatório da auditoria, que também ignorou suspeitas da secretaria que Nerwton ocupava, de Esportes, como a da construção de uma piosta de skate superfaturada.