Pacientes de diabetes ganham novo tipo de insulina

Os diabéticos do País poderão substituir a injeção de insulina por um novo medicamento: a insulina para inalar. A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) já aprovou, em junho deste ano, a venda da nova insulina, mas o produto deve chegar ao mercado brasileiro somente no primeiro semestre de 2007.
A nova insulina, sob a forma de pequenos cristais, deve ser aspirada pelo paciente em um inalador semelhante ao usado para portadores de bronquite. A aspiração deve ser pela boca e o medicamento é absorvido pelo pulmão e entra na corrente sanguínea.
A insulina em cristais poderá substituir as doses injetáveis que os portadores de diabetes tipo 1 e 2 tomam antes das refeições, mas não elimina definitivamente as picadas de agulhas. “O paciente diabético precisa espetar o dedo para ver a glicose no sangue (nível de açúcar). A principal vantagem é se livrar de algumas picadas por dia”, explicou a presidente do departamento de diabetes da Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM), Vivian Ellinger.

A psicóloga Margarida Rodrigues, 46 anos, portadora da doença há mais de 30 anos, acredita que a nova insulina pode reduzir o medo que a injeção causa em alguns diabéticos e também em quem está por perto na hora da aplicação. “Inalar é menos chocante que injetar alguma coisa, parece que é mais natural”.

Segundo a endocrinologista Vivian Ellinger, esse tipo de insulina não é recomendado para fumantes, pessoas que pararam de fumar a menos de seis meses ou que possuem graves doenças pulmonares, porque aumenta o risco de hipoglicemia.

Ainda conforme a médica, esse tipo de insulina pode provocar tosse em alguns pacientes, entretanto, não significa que precisarão abandonar o medicamento. “Estudos mostraram que a tosse não foi de uma intensidade que fizesse os pacientes parar de usar a insulina”, afirmou.

O presidente da Federação Nacional das Associações e Entidades de Diabetes (FENAD), Fadlo Fraige, disse que pesquisas avaliam se o uso prolongado do medicamento pode causar efeito colateral. “A insulina é um cristal que vai ser absorvido. Ele pode eventualmente, em longo prazo, causar um tipo de doença pulmonar ou não”, disse.

De acordo com o laboratório Pfizer, a questão da segurança do medicamento foi “¿extensivamente” estudada, incluindo efeitos no pulmão. O medicamento foi testado em cerca de 2.500 pacientes portadores de diabetes tipo 1 e 2. Em algumas pessoas durante período de sete anos.

Para Fraige, o preço dessa insulina, produzida nos Estados Unidos, será mais alto em comparação ao da injetável. “Tudo indica que vai ser um tratamento muito caro”. O preço ainda vai ser definido por uma câmara de regulação, segundo a Anvisa. O Ministério da Saúde informou que vai estudar se é possível distribuir o medicamento pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O diabetes é causado pela falta total ou parcial de insulina no organismo que impede as células de absorverem o açúcar, o que provoca acúmulo de glicose no sangue. Os sintomas mais freqüentes da doença são sede exagerada e vontade de urinar várias vezes ao dia. Estimativas indicam que 10 a 11 milhões de brasileiros são diabéticos, sendo que quatro milhões não sabem que têm o distúrbio.

O que é o diabete? Veja os tipos

A Diabetes Mellitus é uma síndrome decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade da insulina exercer adequadamente suas ações. Caracteriza-se por excesso de açúcar no sangue (hiperglicemia crônica), com alterações no metabolismo de açúcares (carboidratos), gorduras (lípides) e proteínas. Representa um grupo de distúrbios metabólicos nos quais existe uma menor utilização de glicose, induzindo hiperglicemia.

A insulina é o principal responsável pelo aproveitamento e metabolização da glicose pelas células do nosso organismo, com finalidade de gerar energia. É produzida pelo pâncreas e sua falta ou ação deficiente acarreta modificações importantes no metabolismo das proteínas, das gorduras, sais minerais, água corporal e principalmente da glicose.

O início da diabete, em geral, requer associação dos fatores genéticos com fatores ambientais e com o estilo de vida da pessoa. Entre os mais conhecidos encontramos a obesidade, o sedentarismo e as infecções. A diabete não genética pode surgir após destruição das células betas pancreáticas produtoras e secretoras de insulina como, por exemplo, no alcoolismo crônico, que pode causar pancreatite crônica.

Tipos de diabete

Diabete tipo 1
A incidência da Diabetes Mellitus tipo I, insulino-dependente, que ocorre comumente na faixa etária de 0 a 15 anos, é de 7,8% da população. Surge mais freqüentemente em crianças e adultos jovens. Ocorre a destruição das células Beta, geralmente ocasionando deficiência absoluta de insulina, necessitando fazer uso de insulina diariamente. É de natureza auto-imune.

Esta forma de diabete resulta de ausência acentuada e absoluta de insulina; representa de 5 a 10% dos portadores de diabete (pâncreas pára de produzir a insulina). Poucos casos têm relação com hereditariedade. A evolução clínica é rápida se não for tratado prontamente com insulina.

Diabete tipo 2
É a forma clássica com graus variados de resistência à ação da insulina e uma deficiência relativa de insulina, geralmente está associado a obesidade. A prevalência maior era entre os mais velhos, mas com o aumento de crianças obesas tem-se observado uma incidência maior em faixas etárias mais baixas.

Neste caso, causas subjacentes são fatores genéticos, assim como os efeitos do estilo de vida ocidental, como obesidade e comida excessiva; representa 90% dos portadores de diabete (pâncreas diminui a produção de insulina e/ou a insulina produzida não é bem aproveitada). O início dos sintomas é lento, podendo permanecer assintomático por longos períodos, levando a complicações crônicas.

A incidência é maior após os 40 anos e fatores genéticos são freqüentes influências. Estima-se que 60% a 90% dos portadores da doença sejam obesos. A diabete tipo II é cerca de 8 a 10 vezes mais comum que o tipo I e pode responder ao tratamento com dieta e exercício físico. Outras vezes vai necessitar de medicamentos orais e por fim, a combinação destes com a insulina.

Outros tipos:
Existem outros tipos específicos de diabete sem a história genética (familiar) na sua origem. A diabete que aparece na gravidez é classificada em separado como diabete gestacional ou da gravidez.

A Diabete Gestacional surge em mulheres grávidas que não eram diabéticas, ocorre alteração da tolerância a glicose em graus diversos diagnosticado durante a gestação. Geralmente, desaparece quando esta termina. Podem futuramente desenvolver o Diabete tipo 2.

Hoje, são conhecidos mais de 20 tipos de enfermidades, que cursam com hiperglicemia e, portanto, são catalogadas como Diabetes Mellitus.

Será que eu sou diabético?

Os efeitos dos níveis altos ou mal controlados de glicose no sangue envolvem:

– muita sede

– vontade de urinar diversas vezes ao dia

– perda de peso (mesmo sentindo mais fome e comendo mais do que o habitual)

– fome exagerada

– visão embaçada

– infecções repetidas na pele ou nas mucosas

– machucados que demoram a cicatrizar

– fadiga

– dores nas pernas devido à má circulação

Para saber se você é diabético, o processo é simples: a doença é detectada através de testes simples que identificam a presença de açúcar na urina ou que avaliam a quantidade açúcar no sangue. O diagnóstico pode ser comprovado através do exame laboratorial de sangue (glicemia), que pode ser realizado em três condições:

1- Com glicemia pela manhã em jejum de pelo menos 8 horas (uma noite). Se o resultado for igual ou superior a 126mg/dl, é sugestivo de diabete;

2- Com glicemia 2 horas após sobrecarga com 75g de glicose (a glicose é ingerida com água, após jejum de uma noite e o sangue é colhido 2 horas após para dosagem da glicose), o resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de diabete;

3- Com glicemia casual (o sangue deve ser colhido em qualquer horário do dia, sem relação com alimentação) esta glicemia deve ser realizada apenas nas pessoas que estão apresentando quadro clínico sugestivo de diabete (muita fome, muita sede e muita urina) e o resultado igual ou superior a 200mg/dl é sugestivo de diabete. Um resultado positivo por qualquer critério acima, deverá ser referendado nos dias subsequentes por uma nova glicemia de jejum ou 2 horas pós-sobrecarga.

Os valores normais para a glicemia ficam abaixo de 100 miligramas por decilitro de sangue, de 100 a 125 miligramas é acusada a pré-diabete (é nessa fase ainda pode-se conter o avanço com dieta e exercícios específicos) e acima de 126 miligramas é considerado diabético (ai o controle já não é tão simples). Pessoas com obesidade grau-3 ou mórbida apresentam diabete em 50% dos casos, com a reeducação alimentar e perda do peso em excesso em 95% dos casos a diabete não é mais encontrada.

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