Em duas semanas, Collor mudou o quadro eleitoral. Segundo o Instituto Gape, Collor já é o líder. Teria 44 por cento das intenções de voto, contra 28 do ex-governador Lessa que, além do adversário, luta contra um processo de inegibilidade, imposto por seus adversários. O fenômeno Collor aparece, segundo os analistas, por dois motivos: a popularidade junto ao eleitorado pobre de Alagoas e, sobretudo, pelo discurso que vem apregoando, em cima de um caminhão, desses modelos que transportam trabalhadores de cana-de-açucar. “Fui destituído do poder, por muitos desses que hoje estão aí, envolvidos em denúncias de corrupção. Saí da presidência, porque não paguei propina como estamos vendo todos os dias neste País”, diz o ex-presidente cassado. “Quero que vocês me dêem uma oportunidade de voltar. Chegar ao senado, olhar para estas pessoas e dizer, safados, vocês tentaram me tirar seus ladrões, mas eu estou de volta. Vou dar um pontapé na b…. deles em nome da minha honra”. Neste comício, só foi interrompido por gritos e palmas de eleitores apaixonados.
No palanque improvisado, dança, abre os braços, sorri incansavelmente, fecha as mãos, pega o microfone e canta com a massa que vive em um dos estados mais pobres do Brasil, a “minha (dele) gente”. No encontro com jornalistas, confirma o voto em Luís Inácio Lula da Silva, o metalúrgico que foi o seu maior “calo” enquanto esteve na presidência da República. O certo é que em toda Alagoas, Fernando Collor renasce das cinzas, alicerçado em um carisma inexplicável e no discurso cada vez mais convincente de que “caiu” do poder, anos atrás, vítima de muitos que ainda permanecem nele, em Brasília. Pode até dia 1º de outubro não ganhar nas urnas. Mas, decididamente, pelo que se pode ver nas ruas de Alagoas, Collor está de volta. E não está só.
(Por Maurício Maron, de Maceió-AL)