Brasil e França travam duelo entre ‘inimigos íntimos’

Brasil e França chegam para as quartas-de-final da Copa do Mundo, no próximo sábado, com um histórico de rivalidade, títulos e uma curiosa relação de amizade criada a partir da convivência entre brasileiros e franceses em alguns dos principais clubes europeus.
Ronaldo e Zinedine Zidane são os melhores representantes dessa combinação. Rivais na decisão da Copa de 98, quando o francês levou a melhor ao marcar dois gols e ficar com o título, os dois jogam juntos no Real Madrid desde 2002 e se consideram bons amigos.
Além da dupla, o clube espanhol reúne ainda Cicinho, Robinho e o lateral Roberto Carlos, que também jogou no Real Madrid ao lado do volante francês Claude Makelele, atualmente no Chelsea (Inglaterra).
Aos 22 anos, Robinho diz que era muito novo em 1998, mas admite que, como torcedor, tem lembranças ruins daquele Mundial e que jamais imaginaria que acabaria se tornando amigo de Zidane, o carrasco do Brasil oito anos atrás.

“A gente não esperava se enfrentar”, conta Robinho, antes de revelar que o francês costuma recordar o jogo de 98 nas conversas com os brasileiros. “Ele tira sarro, mas é uma brincadeira sadia.”

Melhores do mundo

Além de colocar frente a frente os campeões das últimas três Copas (Brasil, em 1994 e 2002, e França, em 1998), o jogo do próximo sábado também vai reunir em campo os vencedores do prêmio da Fifa para o melhor jogador do mundo desde 2002.

Ronaldo, eleito o melhor em 1996, 1997 e 2002, e Zidane (1998, 2000 e 2003) são os únicos jogadores que venceram o prêmio por três vezes. Mas Ronaldinho Gaúcho (2004 e 2005) é o atual detentor do título.

Além dos três craques, a partida em Frankfurt também vai contar com a presença do atacante francês Thierry Henry, que ficou em segundo lugar na eleição de melhor do mundo da Fifa em 2003 e 2004.

Pouco antes do início do Mundial, Zidane anunciou que planeja abandonar o futebol assim que a Copa do Mundo chegar ao fim. Apesar da amizade com o francês, Robinho torce para que a aposentadoria do companheiro de clube tenha início no sábado.

“Espero que ele possa encerrar a carreira dele já no jogo contra o Brasil”, afirma o atacante. “É uma perda para o futebol, porque ele joga muito, mas espero que ele não tenha tanto sucesso assim contra a gente.”

Oito anos depois

Além de Ronaldo e Zidane, os franceses Barthez, Thuram, Vieira, Henry e Trezeguet e os brasileiros Dida, Cafu, Roberto Carlos, Emerson e Zé Roberto estiveram presentes na decisão da Copa de 98.

Assim como a turma do Real Madrid, boa parte desses jogadores passaram a jogar juntos anos mais tarde. Emerson, por exemplo, tem Thuram, Vieira e Trezeguet como companheiros de equipe na Juventus (Itália).

Outros jogadores de França e Brasil que não estiveram na partida disputada em Paris também se conhecem pessoalmente e defendem a mesma equipe no futebol europeu.

O volante Gilberto Silva joga com Henry no Arsenal (Inglaterra). O zagueiro Lúcio e o francês Willy Sagnol atuam no Bayern de Munique (Alemanha).

O meia Vikash Dhorasoo, atualmente no Paris Saint-Germain, esteve no Milan, de Dida, Cafu e Kaká, na temporada 2004-2005.

Lyon dividida

O Lyon é um capítulo à parte quando se trata de convivência entre jogadores brasileiros e franceses. O clube conta com oito atletas nas duas seleções: Juninho Pernambucano, Cris e Fred, pelo Brasil; Coupet, Abidal, Malouda, Wiltord e Govou, pela França.

“Para mim, é um prazer especial jogar contra a França por ter amigos e morar lá”, diz Juninho. “Mas é lógico que nós vamos fazer de tudo para que o Brasil ganhe.”

No Lyon desde 2001, Juninho é um dos maiores ídolos do clube e conseguiu a façanha de conquistar cinco títulos consecutivos do Campeonato Francês nas cinco temporadas que disputou com a equipe.

Por isso mesmo, o meia da Seleção Brasileira diz acreditar que talvez a partida do próximo sábado deixe dividido o coração da torcida de Lyon.

“Nós somos três do Lyon aqui: eu, Cris e o Fred”, afirma Juninho. “Acho que alguns torcedores do Lyon vão balançar um pouco ou talvez fiquem felizes se o Brasil passar também.”

BBC

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *