Ilhéus levou 400 mil foliões para a avenida
O secretário da Saúde de Ilhéus, Wagner Porto, avaliou como “altamente positivo” o desempenho dos serviços de saúde pública do município, durante o carnaval fora de época. “Montamos uma equipe especial com enfermeira, médico, auxiliares de enfermagem e seis ambulâncias para as transferências de urgência, além de manter mobilizado o Samu 192”, resume o secretário. Wagner destacou que “essa estrutura profissional foi decisiva para que a população recebesse a assistência competente e com a agilidade necessária nesses casos”. O posto foi montado na Biblioteca Pública Municipal (antiga escola General Osório), na praça Castro Alves.
No posto, foram atendidos pacientes com pequenos ferimentos, desmaios, hipertensão e vários casos de coma alcoólico, que, após triagem, foram transferidos para o Hospital Geral Luiz Viana Filho (HGLVF). “O posto de saúde teve entre seus objetivos desafogar os hospitais, sobretudo o Luiz Viana Filho, que é nossa referência”, ressalta Wagner Porto. Ao investir nesse serviço, o governo municipal de Ilhéus evitou que pacientes sem maior risco fossem congestionar o hospital, conforme ocorreu em outras oportunidades. Mesmo assim, a Secretaria escalou dois médicos para plantão permanente no HGLVF, durante a festa.
A Secretaria Municipal da Saúde teve também no circuito do Ilhéus Praia e Folia/2006 a participação ativa do Centro de Referência em DST/Aids, que distribuiu mais de 20 mil preservativos, além de material informativo sobre os cuidados com as doenças sexualmente transmissíveis. “Nosso foco esteve centrado no folião, independente de sexo, idade ou classe social”, esclarece a médica Alba Ikuta, coordenadora do serviço de DST/Aids da do município de Ilhéus.
O Samu 192 não teve, no período do Ilhéus Praia e Folia/2006, alterações importantes em seu ritmo de trabalho. “Essa manutenção da rotina do Samu se deu devido à existência de ambulâncias à disposição dos foliões, pois nossa intenção era justamente de não desviar as funções daquele serviço de urgência”, explicou Wagner Porto.
Ilhéus levou 400 mil foliões para a avenida
Ilhéus acaba de viver quatro dias de pura folia. Os três quilômetros do circuito do Ilhéus Praia e Folia 2006 ficaram pequenos perto do tamanho da alegria que tomou conta da Avenida Soares Lopes. Um show de atrações regionais trouxe o melhor da ginga baiana para cerca de 400 mil foliões que curtiram a festa em clima de paz e agitação, entre os dias 28 de abril a 1º de maio.
Com uma ampla programação que agradou aos mais diferentes públicos, o Ilhéus Praia e Folia conseguiu repetir o sucesso do ano passado e se consagrar como a maior e mais animada festa popular da região. Nem só os trios elétricos foram as atrações da festa. Dos saudosos bailes de carnaval às batidas da música eletrônica, o público contou com um grande leque de opções na hora de cair na folia.
O evento, organizado pela Fundação Cultural de Ilhéus (Fundaci) e Secretaria Municipal de Turismo (Setur) , trouxe uma série de novidades para agradar os foliões. A inovação começou na abertura da grande festa, com a entrega da chave da cidade ao Nacib e Gabriela, o que relembrou as estórias do grande escritor Jorge Amado e chamou a atenção da mídia local.
Uma festa que conseguiu, ao mesmo tempo, ser agitada sem tirar a tranqüilidade dos foliões, e inovadora, porém mantendo a tradição dos antigos carnavais. Até mesmo o clima resolveu colaborar com o sucesso da folia. Após uma semana de chuva, o calor tomou conta do Ilhéus Praia e Folia. Foram mais de 80 atrações se revezando para fazer a alegria da galera durante os quatro dias de festa.
Pela avenida passaram grandes astros da música baiana como Margareth Menezes, Rapazolla, Vixi Mainha, Olodum, Psirico, Patchanka, É o Tchan, Araketu, Guig Gueto, Cheiro de Amor, Harmonia do Samba, Oz Bambaz, Terra Samba, Filhos de Gandhy, As Meninas, O Rodo, e muitas outras feras, que contagiaram o público com sua alegria.
Vixi Mainha, ó neguinha, tudo é tão bom…
Foi nesse clima que começou a grande festa que levou ilheenses e turistas a interagir na avenida. Mais de cinqüenta horas de música baiana, com ritmos como pagode, axé, forró, partido alto e arrocha. Uma festa eclética, para não deixar ninguém de fora.
No primeiro dia de folia, os Filhos de Gandhy deram início à micareta com um pedido de paz. Com uma belíssima e organizada apresentação, eles conseguiram levar para a avenida o clima de paz e tranqüilidade desejado no carnaval, através de um símbolo formado pelas mãos dos integrantes do grupo.
A banda Vixi Mainha, uma das mais esperadas pelo público, celebrou a alegria e agitou os foliões ao som de muito afro-pop misturado com Axé, com hits de muito sucesso, como “Já é”, “Café com Pão”, “Gabriela” e “Eu também quero beijar”, embalados pelos vocalistas Jauperi e Pierre Onassis, dois dos maiores compositores da música baiana e fundadores da banda revelação da Bahia.
Com muita irreverência e um repertório animado, autêntico e recheado de movimento e performances, a banda Rapazolla fez a avenida ferver. Além da música “Coração”, eleita a melhor canção do Carnaval de Salvador no ano passado, o vocalista Tomate contagiou o público com sua energia e as músicas que compõem seu mais novo cd “A mais de 1000”. Os foliões cantaram e dançaram ao som de famosos hits como “Me roube um beijo”, “Rakatá”, “Me Leva”, “Vou te encontrar” e “Quero te balançar”.
O grupo Harmonia do Samba conseguiu fazer a avenida pegar fogo no primeiro dia de folia. Liderado pelo carismático cantor e compositor Xanddy, a banda deu um banho de energia nos foliões. No repertório, sucessos como “É fogo”, “Rala e Rola”, “Alegria no ar”, “Quem mandou” e o samba-funk “Vai Brasil”, dedicado à Seleção Brasileira de Futebol.
Trazendo uma nova linha do samba nascido nos guetos de Salvador, a banda Terra Samba também animou a avenida. “Pulou Pulou”, “Derê”, “Só você e eu” e “Balançar Bum Bum” foram alguns dos sucessos que fizeram parte do show da banda durante o Praia e Folia, além das músicas mais antigas, como “Bicho Solto”, “Na manteiga” e “Lavadeira”. No primeiro dia, a agitação também foi garantida pelas bandas Nairê e Balada Nova, além das atrações locais.
Muita música e resgate cultural
“Jogou sua rede, ó pescador…se encantou com a beleza desse lindo mar…”. Esta foi uma das músicas do Olodum que levou ao público o clima de paz e encantamento no segundo dia da folia e conseguiu retratar um pouco da cultura e beleza natural que também são encontradas em Ilhéus.
A festa começou mais cedo no sábado, às 18h, com apresentações dos blocos afro Embaixada Gegê Africana, Levada da Capoeira, Filhos de Ogum, Danados do Reggae, Os Malês e Raízes. Os doze trios elétricos espalhados pelo circuito do carnaval carregaram, além do Olodum, outras grandes bandas regionais como As Meninas, Margareth Menezes, O Rodo, além das locais Rede de Arrasto, Os cara é bom, Batuk Bom, Mix Mania, Zureta, De Bobeira, Espaço Livre e De Pankada.
No domingo, desde as 17h, os blocos afro já estavam nas ruas fazendo lindas apresentações, comandadas pelo tradicional Dilazenze, Leões do Reggae, Rastafary, Guerreiros do Zulu, Zambi Axé e Mini Kongo. A garotada também foi para a avenida e participou do bloco infantil de Carla Perez. O Baile da Saudade que estava sendo muito aguardado pelos foliões da terceira idade, trouxe como ponto alto a alegria e tranqüilidade, com destaque para as fantasias de colombinas, baianas e arlequins.
Mais tarde, os jovens mais moderninhos se concentraram na tenda techno montada na travessa Santa Clara. Embalados pelo DJ Rogério, os foliões vararam a madrugada dançando ao som de muita música eletrônica. O espaço concentrou muita gente bonita e animada em todos os dias do carnaval. Enquanto isso, outros foliões esquentavam a pipoca dançando atrás dos trios que traziam grandes atrações como É o Tchan, Patchanka, Beto Jamaica e Os Sungas.
Para fechar o evento com chave de ouro, grandes nomes da música baiana marcaram presença na avenida na segunda-feira, 1º de maio. Araketu, Guig Gueto, Cheiro de Amor, Psirico e Luiz Caldas foram os mais esperados e garantiram a alegria do último dia de festa.
O prefeito de Ilhéus, Valderico Reis, disse que houve um grande esforço por parte do governo municipal para levar aos foliões a alegria e animação das grandes bandas baianas, mas sempre respeitando a tradição dos antigos carnavais e a valorização da cultura negra. “Procuramos agradar a todos e pelo visto conseguimos, pois a alegria foi contagiante durante todos os dias de festa”, disse o prefeito.
Carnaval em clima
de Copa do Mundo
Pouco mais de um mês antes do primeiro jogo da Copa do Mundo, os foliões aproveitaram para demonstrar seu patriotismo no circuito do Ilhéus Praia e Folia. Muitas pessoas foram à avenida usando roupas e adereços com as cores do Brasil. Alguns, mais empolgados, se vestiram de verde e amarelo da cabeça aos pés.
Eram camisetas, pulseiras, colares, bonés e até cocar de índios nas cores do país, demonstrando além do patriotismo do povo brasileiro, a grande paixão nacional pelo futebol. Dentro do circuito, ambulantes aproveitavam o clima de Copa do Mundo para ganhar um dinheiro extra com a brincadeira de chute ao gol.
Além deles, muitas outras pessoas puderam garantir sua renda, vendendo produtos alusivos à Copa. Em todo o circuito, o folião encontrava uma grande diversidade de produtos, como faixas de cabelo, óculos, canecas, perucas e tudo o que precisavam para cair na folia e na torcida pela Seleção Brasileira de Futebol.
Praia e Folia movimentou
a economia da cidade
Uma festa do porte do Ilhéus Praia e Folia não trouxe alegria apenas para quem foi às ruas curtir o carnaval. Muitas outras pessoas tiveram motivos de sobra para comemorar, já que o evento movimentou os mais diversos setores econômicos da cidade.
Desde grandes hotéis, até as pequenas barracas de capeta tiveram grande movimento durante a folia. No circuito, a venda foi boa para aqueles que conseguiram garantir seu espaço. Os ambulantes também não perderam tempo e circularam por toda a avenida fazendo propaganda dos seus produtos. Lá dentro, tudo era oferecido: bebidas comuns e exóticas, comidas típicas e tradicionais como o cachorro-quente, crepe e salgados variados.
Muitos hotéis registraram ocupação total, como o Praia do Sol, Aldeia da Praia e Opaba Praia Hotel, todos na zona sul da cidade. Os restaurantes de comidas típicas, barracas de praia e churrascarias também tiveram um movimento muito grande. No Banco da Vitória, mais conhecido como “Point do Churrasco”, por exemplo, quem chegou mais tarde não conseguiu lugar para sentar e se deliciar com as famosas carnes no espeto.
Quem usou a criatividade, soube aproveitar a realização da grande festa de carnaval fora de época para garantir uma renda extra. O secretário de Turismo, Raymundo Mazzei, afirmou que ainda não há uma estimativa da renda gerada durante os quatro dias de folia, mas garante que todos os setores foram beneficiados. “Um setor está ligado a outro e todos acabaram lucrando com este evento”, disse.