Trabalhadores e empresários querem a ampliação do porto

Mais receita para o município e novos empregos para os ilheenses. É essa combinação que torna a possibilidade de ampliação do porto uma idéia aprovada por trabalhadores e empresários, particularmente os do setor de exportação. A expectativa é de que a construção de um pátio para armazenagem de contêineres na área onde hoje se situa a Concha Acústica gere de 200 a 300 empregos e permita ao porto de Ilhéus embarcar de 15 a 20 mil contêineres por ano.
As indústrias que processam cacau no município são hoje obrigadas a fazer o transporte dos contêineres pela BR-101, até Salvador, a um custo de aproximadamente R$ 3 mil por unidade. “É um prejuízo que chega a milhões de reais por ano, dinheiro que poderia ficar na região e gerar desenvolvimento aqui”, argumenta o empresário Libério Menezes, que defende a permuta da área da concha pelos armazéns da Codeba.
A discussão em torno do projeto está se distanciando dos fatos objetivos e ganhando forte teor emocional, que deixa de levar em conta os benefícios para a cidade. A proposta de troca dos imóveis prevê intervenções urbanísticas e não permitirá a utilização da Avenida Soares Lopes como via de tráfego para veículos de carga. Por outro lado, vai possibilitar ao governo municipal o aproveitamento da área onde funcionavam os armazéns da Codeba para a instalação de uma área de lazer. Além disso, a Prefeitura vai construir uma nova Concha Acústica em espaço adequado.
Para o presidente do Sindicato dos Estivadores, Emerson Tavares, o debate está sendo desvirtuado. Segundo ele, o porto gera hoje aproximadamente mil empregos diretos e a criação do pátio de contêineres aumentaria essa quantidade entre 20 e 30 por cento. Ele observa que a movimentação de contêineres exige maior número de trabalhadores e melhor remuneração, o que refletirá positivamente no município. “Além disso, vamos evitar a saída de até 20 mil contêineres por ano para Salvador, enquanto o embarque da carga poderia perfeitamente ser feito em Ilhéus a partir do momento em que se criarem as condições necessárias”, avalia.
Libério Menezes salienta que o porto de Ilhéus foi construído “experimentalmente” há cerca de 40 anos e, ao longo desse tempo, tem havido necessidade de realizar ampliações. “O governador Paulo Souto falou esta semana sobre a exportação do mamão produzido no extremo-sul, mas o porto de Ilhéus nem é levado em consideração”, afirma, frisando que isso ocorre devido à ausência de “capacidade física, estrutural e logística”.
Para o empresário, não existe outro caminho para enfrentar essa situação que não seja aumentar a capacidade para recebimento de cargas. “Mesmo com a intervenção feita recentemente, que criou uma área de armazenagem de 100 mil metros quadrados no porto, é preciso obter mais espaço físico para os diversos tipos de mercadorias que podem ser exportados por Ilhéus”, destaca.

Projeto antigo
Segundo o presidente do Sindicato dos Portuários, a idéia de utilizar a área da concha para a instalação do pátio de contêineres não surgiu nesse governo. “É um projeto antigo, mas que hoje ganhou maiores chances de ser realizado graças ao entendimento entre o atual presidente da Codeba e o prefeito Valderico Reis”, enfatiza. Tavares lembra que houve tentativas de efetuar a permuta em gestões passadas, mas nunca se conseguiu dar andamento às negociações da forma como acontece agora.
O presidente destaca ainda que a iniciativa de solicitar urgência na permuta foi do Conselho de Autoridades Portuárias e não do governo municipal. O Conselho é integrado por representantes de empresários e trabalhadores, além de pessoas indicadas pelas três esferas de governo. “Não se trata de um projeto eleitoreiro, como alguns estão dizendo, mas de uma medida necessária para que o porto de Ilhéus não acabe se tornando inviável”.
Segundo Tavares, no ano passado cerca de 600 mil toneladas de soja saíram do oeste baiano rumo a Minas Gerais, para de lá serem transportadas por ferrovia até o Porto de Vitória. Ele reafirma que isso ocorre devido à falta de estrutura do Porto de Ilhéus, mesmo motivo que faz milhares de toneladas de frutas produzidas na Bahia serem exportadas por unidades portuárias até mesmo do Rio Grande do Norte. “É claro que esse excedente de produção poderia sair por aqui, gerando empregos e receita em nosso município”, salienta. O presidente alerta os vereadores para que, no momento de avaliar a conveniência da permuta, observem questões dessa natureza e verifiquem o quanto Ilhéus pode perder com o sucateamento do porto.

Valderico diz que projeto é
“da cidade e não do governo”

O prefeito Valderico Reis acredita que a instalação do pátio de contêineres na área da Concha será fundamental para incrementar as atividades do porto. “Esse é um projeto que foi analisado por todos os ângulos e que só vai trazer benefícios para a cidade”, defende. Segundo ele, o povo de Ilhéus deve ser o maior interessado na aprovação de uma proposta “que vai melhorar o desempenho da economia local e gerar empregos para centenas de pais de família”.
Para Valderico, é legítimo o debate em torno do tema, mas é preciso que as partes envolvidas se concentrem em informações reais. “O município precisa de empregos e mais recursos, o porto precisa da estrutura e o governo está atento para fazer com que a intervenção seja feita sem comprometer a qualidade de vida dos moradores”, afirma.
O prefeito enfatiza que o ilheense não perderá a concha acústica, pois – segundo ele – será viabilizada a construção de outro espaço para shows. Além disso, lembra Valderico que a área dos antigos armazéns da Codeba poderá ser utilizada para a instalação de um complexo de lazer ou outra obra que contribua para a qualidade de vida da população e melhoria do aspecto urbanístico do centro da cidade.
“Nosso maior compromisso no governo é o de gerar empregos para os trabalhadores de Ilhéus e é por isso que estamos nos esforçando para ver esse projeto aprovado”, frisa. O prefeito diz acreditar na aprovação do texto, “uma vez que os vereadores, como representantes do povo, não podem ser contra um projeto que vai criar até 300 empregos e contribuir para tornar o porto viável”.



Emerson Tavares, presidente do Sindicato dos Portuários. Foto: Marcos Nascimento



Libério Menezes. Foto: Marcos Nascimento

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *