Cabo turbinado

Sky, Net e Embratel querem oferecer TV paga, internet e telefonia por um único fio e uma só conta no final do mês

O peradoras de TV por assinatura e empresas de telefonia disputam uma corrida contra o tempo. A intenção é chegar o quanto antes com uma novidade tecnológica para os seus clientes em todo o País. A idéia é colocar em um único cabo e em uma só conta no final do mês os serviços de acesso à internet em banda larga, telefonia e TV paga. Essa convergência é um antigo sonho das empresas de telecomunicações. “O receptor do sinal da TV terá serviços interativos, uma central telefônica pela internet e o sinal de vídeo de alta resolução”, afirma Marcos Galassi, diretor da NexTVision. A empresa desenvolveu o software que permitirá à operadora Sky entrar nessa disputa em associação com as companhias telefônicas. Do outro lado do ringue está a Net, das Organizações Globo, que tem o empresário mexicano Carlos Slim como um dos sócios. Slim, que também controla a Embratel e a empresa de celulares Claro, é visto como o maior apostador dessa convergência total.

O Triple Play, como essa tecnologia é conhecida, pode apontar para as empresas de TV por assinatura o caminho que elas perderam há alguns anos: o do lucro. Com serviços agregados ao seu produto principal, as companhias podem trabalhar com a política de compartilhamento de receitas com produtores de conteúdo. Para as telefônicas, a convergência em um só cabo também significa uma saída para a atual encruzilhada do negócio. Como as receitas com voz caem a cada dia, as empresas de telefonia, atualmente as mais capitalizadas no mercado de tecnologia, querem aumentar a receita média em cada consumidor. “A idéia é ofertar mensalidades mais baixas e aumentar a satisfação dos nossos consumidores”, afirma Ricardo Miranda, presidente da Sky Brasil. Como ficaria muito caro oferecer acesso à internet pelo satélite e serviços de telefonia, Miranda está modificando o software embutido nas caixas dos seus 800 mil assinantes.

A TV por assinatura cobre apenas 9% dos 5.500 municípios brasileiros. Nessas cidades vivem 91 milhões de pessoas, mas apenas quatro milhões são atingidas pelos cabos das operadoras por satélite. Em relação à telefonia há 50 milhões de telefones fixos em operação no País. É dentro desse universo que as empresas pretendem promover a convergência de TV, internet e telefonia. A barreira para a explosão dessa novidade entre os usuários brasileiros é a falta de regulamentação pelo governo federal. Como haverá uma mistura completa de serviços de telefonia, internet e TV por assinatura, as empresas ainda esperam um sinal das autoridades reguladoras para programar os seus investimentos. “Nosso modelo de telecomunicações é antigo e nem contempla, por exemplo, os telefones pré-pagos. Algo precisa ser feito nesse sentido”, afirma Alexandre Annenberg, diretor da Associação Brasileira de Televisão por Assinatura. Enquanto a legislação não muda, as empresas colocam o bloco na rua. Ninguém quer perder a atual oportunidade.

Por Mariana Ditolvo
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