A autenticidade das fitas que comprovariam corrupção no governo de Ilhéus é cada vez mais duvidosa, porém está claro que houve um esquema para derrubar o prefeito Valderico Reis. E toda a estratégia foi concebida e discutida dentro do próprio Palácio Paranaguá, o que configura um verdadeiro plano de traição comandado por dois secretários.
A armação foi criada e incentivada por gente que há bem pouco tempo gozava da confiança do prefeito Valderico Reis. Um deles é o médico Jorge Vianna, lançado para fora da Secretaria de Agricultura, Interior e Pesca junto com os estilhaços da crise. O outro, que atuou como um dos porta-vozes do esquema conspiratório, foi o ex-secretário de Administração, Ozéias Gomes da Costa.

A teoria da conspiração foi revelada pelo radialista Vila Nova, em seu programa Tabuleiro, transmitido pela Rádio Baiana na manhã desta sexta-feira. Segundo Vila Nova, o comunicador de rádio mais popular de Ilhéus, Ozéias procurou o presidente da Câmara de Vereadores, Raimundo Velloso, no gabinete deste, para convidá-lo a participar do complô com o intuito de derrubar Valderico.

Segundo o radialista, havia testemunhas no gabinete do presidente que ouviram a proposta. “Esse encontro aconteceu há algumas semanas, quando Ozéias ainda era secretário”, disse Vila Nova. Ele informou ainda que Velloso se negou a participar da conspiração, tendo revelado que “a vontade de derrubar o prefeito era tão grande, que Ozéias parecia cego, tanto que não percebeu que estava falando coisas absurdas na frente de várias testemunhas”.

Ozéias também se reuniu com Velloso no restaurante Morro dos Navegantes, para discutir detalhes do esquema. Na oportunidade, chegou a citar o nome do vice-prefeito, Nilton Lima, afirmando que ele estaria em um outro encontro para falar sobre o assunto. Na segunda-feira, Lima procurou o prefeito Valderico Reis e garantiu que não participou dessas articulações. O vice também decidiu afastar-se do PMDB, dizendo que o partido agiu de forma incorreta com Valderico.

Vila Nova desafiou o ex-secretário a interpelá-lo na Justiça para provar as informações. O radialista fez questão de dizer que não votou em Valderico, mas é contrário a armações antidemocráticas para tirar o prefeito do poder à força. “Ele foi eleito com quase 35 mil votos ilheenses e quem pode tirá-lo do poder é o povo”, frisou.