São duas fitas com gravações de quatro momentos distintos, gravadas na sala de visitas da casa do vereador nos dias 27 e 28 de julho último. Na primeira, de 15 minutos, o prefeito Valderico faz a proposta: “Você disse que não pega dinheiro, mas pegue para botar óleo em seu carro. Você é candidato e vai precisar”.
Num primeiro momento, ele se coloca à disposição do vereador e em seguida diz que é homem da confiança do prefeito e está investido da condição de articulador político com a Câmara de Vereadores. Zeri afirma que não precisa isso, que votará nos projetos que julgar do interesse do município sem que o prefeito precise pagar qualquer coisa, mas Gerbinho insiste. Cita que a Câmara é fraudulenta e que o vereador Marcos Paiva recebe R$ 15 mil. Cita também os vereadores Alysson Mendonça (PT) e Alcides Kruchevsky (PMN) dizendo que “esse oxigênio” quem resolve é o prefeito.
AMEAÇAS – Na quinta-feira, Zerinaldo encontrou-se com o deputado Geddel Vieira Lima
(PMDB-BA) e o ex-deputado Jorge Viana, na casa deste último, aos quais mostrou as fitas. No dia seguinte, ele fugiu da cidade porque a mulher dele, Maria Lúcia Borges da Silva, recebeu três telefonemas com ameaças. A pessoa que ligava perguntava se ela já estava preparada para perder o marido.
“Além disso, começamos a ver carros rondando nas proximidades de nossa casa e numa das vezes ouvimos tiros”, disse na noite de ontem, já sob proteção policial. O vereador conta que passou os últimos dias escondido e articulou com a polícia a apresentação das fitas. Durante o tempo em que ficou afastado, recebeu interlocutores fazendo propostas financeiras para que ele recuasse.
Zerinaldo afirmou que gravou as fitas porque sentiu a necessidade de produzir documentos sobre o assédio que passou a enfrentar logo após o dia 6 de julho, quando renunciou ao cargo de secretário de Transportes de Ilhéus, que ocupava desde o início da atual administração, em janeiro.
“No dia 6, entreguei o cargo e o prefeito disse que depois queria falar comigo. Pensei que ele queria me agradecer e no dia seguinte fui ao gabinete do prefeito”, observou.
“O prefeito falou comigo que tinha interesse na minha permanência no governo e estava com a predisposição de me dar R$ 6 mil. Repeti a ele que meu negócio não é dinheiro, que não faço política por grana. Pensei que o assunto tinha morrido aí, mas 15 ou 20 dias depois o prefeito voltou a me procurar com a mesma proposta. Foi aí que resolvi me documentar”.
Levi Vasconcelos
A Tarde