O PT SE COMPLICA A CADA DIA

Valério pagou a defesa do PT no caso Santo André, aquele do assassinato de Celso Daniel; no dia 9, José Dirceu vai a uma acareação com irmão do prefeito, que o acusa de ter recebido dinheiro de esquema da Prefeitura. No Conselho de Ética, deputado nega outra acusações e diz que não vai renunciar; Jefferson de novo: ex-ministro foi intermediário de encontro da Portugal Telecom com Lula para posterior financiamento de partidos; lista de sacadores da SMPB não pára de crescer e envolve secretária de Humberto Costa e o presidente da Casa da Moeda, com saque de R$ 2,7 milhões.
Quem viu aquele verdadeiro titã de convicções e negativas que foi o deputado José Dirceu (PT-SP) no depoimento na Comissão de Ética não imaginaria ler, horas depois, a manchete acima, que está na primeira página do Estadão desta quarta. Escreve o jornal: “A defesa do PT no caso Celso Daniel, prefeito de Santo André assassinado em 2002, foi paga pelo empresário Marcos Valério de Souza. (…) Valério pagou o escritório Junqueira Alvarenga e Fonseca Advogados, que tem o ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira como sócio majoritário, contratado pelo presidente do Diretório do PT em São Paulo, Paulo Frateschi. A informação consta da lista fornecida à Polícia Federal pela diretora-financeira da SMPB Comunicações, Simone Vasconcelos, que revelou o pagamento de R$ 545 mil ao escritório de advocacia (leia mais abaixo).” No próximo dia 9, Dirceu fará, em Santo André, uma acareação com João Francisco, um dos irmãos de Celso, que diz ter ouvido de Gilberto Carvalho, assessor de Lula, que a cidade repassava para o PT dinheiro advindo da extorsão de empresários. O ex-ministro seria o destino dos recursos. A família Daniel sustenta ainda que o prefeito foi assassinado numa trama política, contrariando a convicção do PT de que se trata de crime comum.
TERÇA GORDA – A “terça-feira gorda” nas investigações foi digna do nome. Começou com um esclarecedor depoimento, na CPI dos Bingos, do ex-secretário Nacional de Segurança Luiz Eduardo Soares. Em resumo, ele afirmou que a direção do PT foi avisada de tudo quanto havia contra o ex-assessor da Casa Civil Waldomiro Diniz, mas optou por protegê-lo em vez de puni-lo. Entre outros avisos, Soares comunicou a direção partidária de que tinha a informação de que Waldomiro recebia propinas de R$ 300 mil por mês. Isso foi em 2002. Nesta terça, José Dirceu, ex-chefe de Waldomiro, ex-ministro e hoje deputado, depôs no Conselho de Ética da Câmara. Afirmou que não renunciará a seu mandato e negou saber da existência do mensalão. Defendeu o governo que “não rouba e não deixa roubar”. E foi confrontado no primeiro aparte do deputado Roberto Jefferson (PTB-RJ). O antes amigo, hoje inimigo, chamou-o de o “inocente humilde” que já foi o homem mais forte da República, mas jamais foi avisado nos milhões de reais que uniam os políticos às empresas de Marcos Valério nem das descobertas e investigações da Polícia Federal, da Coaf e da Abin. Jefferson colocou ainda uma nova e grave denúncia na mesa. Disse que Dirceu intermediou um contato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva com representantes da Portugal Telecom. Depois disso, pediu que emissários fossem a Lisboa tentar um acordo que desse ao PT e ao PTB dinheiro para sanear suas finanças. A empresa e o Planalto negaram envolvimento no caso. O PTB protocolou representação no Conselho de Ética contra Dirceu. A CPI dos Correios finalmente aprovou sua convocação para depor. Os demais petistas envolvidos em denúncias passaram o dia a negar que pretendam renunciar para escapar da cassação. Até o novo presidente do PT, Tarso Genro, meteu a colher no caso: disse que quem renunciar pode perder a legenda em 2006. O presidente Lula, num dia de tanta tensão, fez rápida aparição. Indagado, se as denúncias chegariam a ele, respondeu, rindo, aos jornalistas: “Depende de vocês”. Enquanto tudo isso acontecia, o empresário Marcos Valério prestava depoimento na Procuradoria-Geral da República, tentando convencer o Ministério Público de que é séria sua intenção de colaborar com as investigações em troca de redução de pena, caso venha a ser condenado. À saída, Valério disse que entregou novos nomes de parlamentares que sacaram das contas de suas empresas. No capítulo saques, nada foi mais surpreendente que a revelação feita para diretora financeira da SPMB à Polícia Federal, Simone Vasconcelos. Ela informou que Eristela Feitosa, secretária do ex-ministro da Saúde, Humberto Costa, retirou nada menos que R$ 300 mil da conta da empresa. E que o presidente da Casa da Moeda,Manoel Severino, foi autorizado a sacar, junto com o ex-diretor do Banco do Brasil Henrique Pizzolato, R$ 2,7 milhões. Nasceu também nesta terça simbólica a primeira dissidência do PT. Um grupo de 21 parlamentares anunciou que não vai mais se submeter às orientações da atual Executiva do partido. O bloco, que se autodenominou “PT Livre”, vai aguardar o resultado da eleição interna do PT em setembro e o resultado da escolha da nova direção para decidir se deixa ou não o partido. Veja abaixo essas e outras notícias.

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