Em sua belíssima autobiografia, Se o Grão não Morre, André Gide relata um encontro seu com Oscar Wilde numa birosca, na Argélia. O irlandês estava cercado de meninos árabes que lhe faziam as vontades em troca de caraminguás, e Gide buscava soltar a franga (ou “desregrar os sentidos”, se vocês preferem finezas rimbaudianas), virgem e puritano que era. Wilde lhe arruma um garoto, e o autor de Os Frutos da Terra vai para o catre. A felicidade, diz ele, do seu cafetão moral era indizível. E pensa algo mais ou menos assim (cito de memória): “Nada excita mais um pervertido do que assistir à queda de um puro”. Assim estão alguns petistas com o surgimento do nome de um político do PFL e de uma pessoa do PSDB ligados a Marcos Valério. Dinheiro de pinga na comparação com o montante movimentado pelo esquema Valério-PT. Tudo somado, já se passou da casa do bilhão. Mas os petistas, feito Wilde (que o grande escritor me perdoe a comparação), estão excitados. A exemplo do Lula em Paris, querem provar que, cedo ou tarde, todo mundo cede. Querem transformar a política num lupanar para que possam, então, ser seus condutores morais.
Reinaldo Azevedo