A pesquisadora explicou à EFE que todos os trabalhos prévios com células-tronco estiveram concentrados em seu uso, em vez de entender seu possível papel como causador de câncer ou do envelhecimento.
O trabalho, que será publicado nesta sexta-feira pela revista “Science” e foi realizado pelos pesquisadores Ignacio Flores e María Luisa Cayuela, revela o papel de uma proteína, a telomerase, e de estruturas cromossômicas, os telômeros.
As células-tronco são a fonte regeneradora dos distintos tecidos do organismo, pois são ativadas quando estes sofrem alguma lesão. O problema é que se forem ativadas e multiplicadas em excesso ou houver algum erro surgem o câncer e as doenças relacionadas com o envelhecimento.
Para o trabalho, realizado a partir de modelos animais, os cientistas utilizaram células-tronco epiteliais (as que revestem a superfície de cavidades e condutos do organismo).
Os pesquisadores constataram que quando essas células têm os telômeros muito curtos não regeneram a pele e o pêlo adequadamente, com o resultado de envelhecimento precoce.
Mas, quando a proteína encarregada de alongar os telômeros (a telomerase) se encontra presente em excesso nas células, o que ocorre em mais de 90% dos tumores, as células-tronco epiteliais regeneram os tecidos com muita rapidez.
A conseqüência é que a pele e o pêlo crescem mais do que o normal, o que causa uma maior suscetibilidade a formar tumores. Estes defeitos no comportamento das células-tronco precedem a aparição dos primeiros sintomas visíveis de envelhecimento precoce ou do câncer. Por isso, a medida dos telomêros ou da atividade da telomerase em células-tronco pode ser considerada um parâmetro utilizável nos prognósticos.
Os pesquisadores afirmam no trabalho que revelar os parâmetros que determinam o comportamento das células-tronco é essencial para o uso destas em tratamentos celulares sem causar efeitos colaterais.
Blasco foi condecorada com a medalha de ouro da Organização Européia de Biologia Molecular por seus trabalhos sobre os telômeros.
Fonte: EFE