A descoberta apresentada em uma conferência em Copenhague, na Dinamarca, pode ajudar casais em tratamento de fertilização artificial, que sofrem com a queda do número de doadores de óvulos e espermatozóides.
A equipe de cientistas analisou células-tronco de embriões e concluiu que algumas delas estavam no primeiro estágio de se transformar em óvulos ou espermatozóides, um processo já realizado em camundongos.
Em princípio, isso significa que é possível clonar células-tronco de pacientes estéreis e transformá-las em células reprodutoras masculina e feminina.
Eles descobriram que algumas das células humanas desenvolveram a assinatura genética das células-germe primordiais, o estágio inicial dos óvulos e espermatozóides.
Mas a equipe do Centro de Biologia das Células-tronco, da Universidade de Sheffield, afirma que é preciso realizar novos testes para saber se a técnica é segura.
O estudo foi feito a partir de células-tronco retiradas de embriões doados por casais que passam por tratamento para infertilidade.
Os cientistas concluíram que algumas delas se agruparam formando os chamados corpos embrióides.
Ao observar essas células em detalhes, os cientistas descobriram que, em duas semanas, foram formadas algumas células com genes encontrados nas células-germe primordiais humanas.
Algumas delas também continham proteínas encontradas apenas em espermatozóides em fase de amadurecimento.
Behrouz Alfatoonian, um dos cientistas que participou do estudo, disse que “o resultado sugere que células-tronco humanas podem ter a capacidade de se desenvolver em células-germe primordiais e gametas em estágio inicial, como já havia sido mostrado em células-tronco de embriões de camundongos”.
Segundo o cientista, o desafio agora é identificar que células vão se desenvolver em células-germe primordiais para, então, descobrir um modo de encorajar essas células a crescer e se tornar óvulos e espermatozóides.
“Produzir gametas funcionais é muito mais difícil porque temos que recriar o ambiente do folículo de desenvolvimento para que as culturas de células se desenvolvam em óvulos, ou o tecido do testículo, para que elas se tornem espermatozóides”, disse Alfatoonian.
MICHELLE ROBERTS
BBC Brasil