Bahia lidera ranking de uso da mão-de-obra infantil

Agricultores, pescadores, marisqueiros, empregados domésticos, mecânicos, pedreiros, vendedores ambulantes e jornaleiros. Crianças e adolescentes que trabalham. Pequenos cidadãos, entre 5 e 17 anos, que somam 350 milhões em todo o mundo. Recorrente em larga escala nas regiões mais pobres (Ásia, Oriente Médio, África e América Latina), o trabalho infantil sob condições de exploração obriga uma em cada seis crianças do globo a se comportarem como um adulto. E no mapa brasileiro de uma das grandes vergonhas mundiais, a Bahia se destaca entre os estados que mais empregam mão-de-obra infanto-juvenil: são mais de 600 mil pequenos trabalhadores nas cidades e, principalmente, no campo.
A síntese dos indicadores sociais de 2004, feita pelo Instituto Nacional de Geografia e Estatística (IBGE) com base na Pesquisa Nacional por Amostragem de Domicílio (Pnad 2003), revela que o Brasil tem 5,4 milhões de trabalhadores-mirins. Na Bahia, 617 mil crianças e adolescentes estão envolvidas em algum tipo de atividade econômica (número superado apenas por São Paulo). Em regime de agricultura familiar, estão 60% desse total, sendo que o trabalho doméstico urbano responde por 11%. Outro dado preocupante é que mais de 50% dessas crianças – 373 mil – não recebem qualquer remuneração pelo serviço que desempenham, e são consideradas escravas pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Na Bahia, cem mil trabalhadores-mirins em idade escolar não sabem o que é sala de aula. Herança cruel, já que 48% dos pais ou responsáveis têm menos de um ano de instrução, ou são analfabetos. E encarar o serviço pela primeira vez antes dos nove anos de idade faz parte da história de 28,7% dos meninos e meninas de 10 a 17 anos. Todos esses dados preocupam órgãos de governo e ong”s, que se encontram hoje no seminário Políticas Públicas de Combate ao Trabalho Infantil na Bahia, realizado no Hotel Vilamar, em Amaralina.

Fonte: Correio da Bahia

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