“Queremos conhecer melhor as relações afetivo-sexuais e dos integrantes do movimento GLBT (gays, lésbicas, bissexuais e transgêneros). Assim, teremos subsídios para traçar políticas públicas específicas”, explica Regina Facchini, ligada à Unicamp e uma das coordenadoras locais da pesquisa. O projeto também é coordenado por Julio Simões, do Departamento de Antropologia da USP.
“A verdade é que poucas pessoas estudam a sexualidade no Brasil. Quando conheci este trabalho do Clam, logo quis trazer para São Paulo. Mas a operacionalização não é fácil. É caro, precisa de pessoal treinado. Mas agora, após um ano de trabalho, conseguimos”, afirma Regina, que fez mestrado em antropologia e faz doutorado em Estudos de Gênero na Unicamp.
Regina destaca que as violações aos direitos humanos de gays, lésbicas, bissexuais, travestis e transexuais são freqüentemente denunciadas pelos grupos ativistas brasileiros. No entanto, quando se procura formular respostas políticas para garantir os direitos dessa população, muitas vezes a ausência de dados a esse respeito torna-se uma barreira.

Questionário
O projeto, intitulado “Política, Direitos, Violência e Homossexualidade”, traz questões sobre a identidade sexual do entrevistado, sua relação conjugal, filhos, saúde, mobilização e conhecimento do movimento gay, ocorrências de discriminação e violências sofridas e, por fim, uma pesquisa de opinião sobre itens políticos, como a união civil.
“Não é exatamente o mesmo questionário usado no Rio. Adaptamos as perguntas após discussões com representantes do movimento de São Paulo pata atender a dúvidas específicas”, explica Renato Baldin, vice-presidente da Associação do Orgulho GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Transgêneros) de São Paulo.
Responder ao questionário inteiro dura dez minutos. “Se a pessoa entrevistada se declara heterossexual, responde apenas às últimas questões”, explica Regina. Segundo ela, cerca de cem ativistas e voluntários estarão espalhados na avenida Paulista, usando uma camiseta branca com a inscrição “pesquisa”. “Basta nos procurar. Serão dez minutos muito importantes para a causa gay”, diz ela.
Folha Online