Segundo a Deaes (Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior), entidade que tabulou os dados do Enade, os 140.340 estudantes (83.661 ingressantes e 56.679 concluintes) tiveram desempenho bastante próximo, mostrando pouca alteração em sua trajetória dentro da graduação.
Em medicina e terapia ocupacional, o desempenho de ingressantes e concluintes em formação geral é praticamente o mesmo. “Surpreendente”, conforme o diretor da Deaes (Diretoria de Estatísticas e Avaliação da Educação Superior), Dilvo Ristoff, é constatar que, em 17% dos cursos, os ingressantes tiveram desempenho igual ou superior à média de desempenho dos concluintes.
“Em medicina, este foi o caso em 40 dos 89 cursos avaliados, ou seja, em 44,9% do total dos cursos a área”, comenta o professor. Os resultados do exame podem ser considerados bastante próximos da realidade, afinal, os 143.170 estudantes selecionados no processo de amostragem realizado pelo Inep representam 250.287 estudantes habilitados a participarem do Exame, mais da metade do universo total.
“O que podemos constatar é que, nesses casos, a educação superior brasileira está formando mais o sentido técnico, específico do que o cidadão, imprescindível para uma vida preocupada com as questões humanas e sociais”, diz ele.
Enade
O Enade 2004 foi aplicado em todo o país em cursos das áreas de agronomia, educação física, enfermagem, farmácia, fisioterapia, fonoaudiologia, medicina, medicina veterinária, nutrição, odontologia, serviço social, terapia ocupacional e zootecnia. Ao todo, 140 mil ingressantes e concluintes de 2.187 cursos de graduação foram fizeram o exame.
Escolhidos por sorteio, participaram grupos de estudantes em momentos distintos de sua formação. Um grupo, de ingressantes, era composto de alunos no final do primeiro ano. Outro, de concluintes, contava com estudantes do último ano cursado.
Os dois grupos foram submetidos à mesma prova, possibilitando, segundo o MEC, avaliar o desempenho como um todo, desde a entrada até a saída do estudante do curso de graduação –o Provão avaliava todos os concluintes dos cursos superiores.
A região Sudeste concentrou a maioria dos cursos avaliados em 2004, em todas as 13 áreas e a maioria absoluta em dez delas –um total de 51,8% dos 2.184 cursos. O Sul contabilizou 20,5%; o Nordeste, 14%; o Centro-Oeste, 8,7%; e o Norte, 5%.
A maioria dos cursos avaliados (73,8%) é de instituições privadas. As federais somaram 13,5%; as estaduais 10%; e as municipais 2,7%. As universidades oferecem o maior número de cursos (58,2%), seguidas das faculdades (16,7%) e dos centros universitários (15,2%).
Melhores alunos do ensino superior estão no Sul e na rede pública
O Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira) divulgou hoje os primeiros resultados do Enade (Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes), prova que substituiu o antigo Provão.
Das 40 questões que formaram o Enade, 10 eram ligadas a temas abrangentes, de cultura geral, e não se referiam a conteúdos específicos de cada curso. Segundo o Inep, as mais altas médias de desempenho na formação geral estão no Sul (38,2) e no Nordeste (37,1). Ambas as regiões ficam acima da média nacional, que é de 36,5 pontos. O Norte teve média 33,6, o Sudeste 36,9 e o Centro-Oeste, 36.
O Sul também mostra o melhor desempenho em oito das 13 áreas avaliadas, o Nordeste em duas, o Sudeste em uma e o Centro-Oeste em duas.
O Enade também mostrou que as Ifes (Instituições Federais de Ensino Superior) superam a média nacional de desempenho em todas as 13 áreas, as estaduais em dez, municipais em duas e as privadas em apenas uma.
O desempenho médio dos estudantes das federais ficou em 45,9 pontos; nas estaduais, 40,5; nas municipais, 34,8; enquanto que nas privadas foi de 35,1, abaixo da média geral (36,5).
Questões Específicas
Nas questões específicas das áreas, o desempenho médio também não foi muito alto e apresentou, em alguns casos, semelhanças entre ingressantes e concluintes. No curso de serviço social, por exemplo, a média dos que estão entrando foi de 17,5 pontos. Os concluintes ficaram em 26,6.
Estudantes ingressantes na educação Ffsica tiraram em média 23,8, enquanto que os que acabaram de fazer a faculdade somaram 33,8. A odontologia é o curso que mostra o maior aumento de desempenho no componente específico: de 21,4 entre os ingressantes para 55,2 pontos, diferença de 162%.
Das 13 áreas de conhecimento, as federais foram melhor em 10, as estaduais, municipais e privadas em uma cada. Entre os tipos de instituições de ensino superior, o destaque é para as universidades, melhores em sete áreas, seguidas pelas faculdades integradas (superiores em cinco áreas) e os Centros de Educação Tecnológica (uma área). Os centros universitários, faculdades isoladas e escolas não tiveram desempenho médio superior em nenhuma área.
Assim como ocorreu na parte de Formação Geral, a região Sul teve melhor desempenho em oito áreas. O Nordeste e Sudeste em duas cada, o Centro-Oeste em 1 e o Norte em nenhuma.
Folha Online