Passeatas e protestos marcam Dia Internacional do Trabalho no mundo

Milhões de pessoas em diversos países saíram às ruas neste domingo para marcar o Dia Internacional do Trabalho com marchas e protestos pacíficos em favor de melhores condições de trabalho e contra políticas governamentais.
Desde Bangladesh, onde cerca de 5.000 pessoas protestavam em favor de um salário mínimo para os trabalhadores, até Cuba, onde cerca de um milhão de pessoas se reuniram na praça da Revolução, em Havana (capital do país), para ouvir o presidente Fidel Castro, trabalhadores do mundo todo participaram de manifestações.
Na Alemanha, mais de 500 mil pessoas foram às ruas para protestar contra as políticas de cortes de empregos das empresas. O desemprego no país, que é a maior economia do continente europeu, tem registrado níveis recordes nos últimos meses, tendo chegado a 5,216 milhões de desempregados em fevereiro deste ano, maior nível do período pós-Segunda Guerra Mundial.
Durante a noite, ao menos 65 pessoas foram presas em manifestações violentas na região leste de Berlim (capital do país). Os manifestantes atiraram pedras e garrafas contra a polícia, que disse que três pessoas ficaram feridas.

Na Suíça, grupos extremistas tanto de esquerda como de direita se enfrentaram em Zurique (norte do país), atirando pedras e garrafas uns nos outros. Confrontos também ocorreram em Lucerna (centro da Suíça), onde cerca de 50 militantes de extrema-direita foram detidos.

Em Moscou (capital da Rússia), ativistas dos grupos políticos Partido Nacional Bolchevique e Vanguarda da Juventude Vermelha enfrentaram a tropa de choque da polícia, erguendo barricadas depois que diversos membros dos dois grupos foram presos.

Outras manifestações ocorreram na capital russa, com as passeatas de milhares de comunistas, carregando fotos de Lênin e Stalin, e de membros de sindicatos e oposicionistas ao governo do presidente Vladimir Putin, que protestaram contra os programas de reformas sociais.

Na França, manifestações contra o referendo sobre a constituição da União Européia e contra a decisão do governo de cancelar o feriado de Pentecostes, no dia 16 de maio. “Turquia + Constituição: Não, fico com a França”, dizia uma faixa vista na passeata organizada pelo líder da extrema-direita francesa, Jean-Marie le Pen.

Em Cuba, o secretário-geral da Central dos Trabalhadores de Cuba, Pedro Ross, acusou o presidente americano, George W. Bush, de cumplicidade no caso do líder anticastrista Luis Posada Carriles, que é acusado por Cuba de usar a Venezuela como base para planejar o ataque contra um avião cubano, que matou 73 pessoas em 1976. Carriles nega envolvimento no incidente e tenta conseguir asilo nos EUA.

Na cidade de Dacca, capital de Bangladesh, cerca de 5.000 pessoas fizeram uma passeata para exigir um salário mínimo de 3.000 takas (R$ 119) e melhores condições de segurança no trabalho, poucos dias após o desabamento de uma fábrica no país, que matou 73 pessoas. O país não tem um salário mínimo e empregados sem experiência chegam a receber 800 takas (R$ 31) por mês.

No Nepal, milhares de pessoas exigiram o fim do governo direto do rei Gyanendra Bir Bikram Shah Dev e a volta à democracia. No Japão, os trabalhadores marcharam pelo banimento global das armas atômicas.

Nas Filipinas, a polícia de choque ocupou as ruas de Manila (capital do país) devido aos rumores de que poderia haver um plano contra o governo da presidente Gloria Macapagal Arroyo, aproveitando as comemorações do Dia do Trabalho.

Em Hong Kong também houve manifestações, realizadas por mulheres de diversos países asiáticos que trabalham no país principalmente como empregadas domésticas, em favor de um salário mínimo e de um número fixo de horas de trabalho.

Folha Online
Com agências internacionais

Vaiado no 1º de Maio, Severino diz só ouvir aplausos

O presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcanti (PP-PE), interpretou que as fortes vaias dadas pelo público participante do 1º Maio da Força Sindical, no Campo de Bagatelle, não foram para ele, mas para o governo. “Eu só ouvi aplausos”, declarou, mesmo tendo sido vaiado quando foi apresentado pelo deputado federal Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP) e depois pelo presidente da Força Sindical, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho.

As vaias causaram constrangimento nas autoridades presentes no palanque, entre elas o governador Geraldo Alckmin (PSDB) e o vice-prefeito da cidade de São Paulo, Gilberto Kassab (PFL). Como a gritaria começou antes mesmo de Severino pegar o microfone, todos esperavam ansiosos para saber como o deputado reagiria àquela situação. Quando começou a falar, o presidente da Câmara surpreendeu. “Que maravilha, que maravilha” repetiu o parlamentar, parecendo ignorar a reprovação quase unânime.

O presidente da entidade organizadora do evento, Paulinho Pereira da Silva, tentou pedir, acenando com as mãos, para que a platéia presente parasse de gritar e gesticular reprovando a fala do deputado. Mesmo assim, enquanto Cavalcanti acenava entusiasmadamente para o público, as pessoas continuaram com a sonora vaia.

Depois de aceitar ser o porta-voz dos trabalhadores no Congresso, o deputado pediu a solidariedade do presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, para diminuir o desemprego no País. “Não faça o povo sofrer”, disse, qualificando a festa dos trabalhadores como consagradora.

A Polícia Militar estimou em 1 milhão o público que participante das comemorações do Dia do Trabalho no Campo de Bagatelle.

Após as vaias

Em tumultuada entrevista, Severino disse que a reforma sindical será votada pela Câmara, mas não da forma como a enviou o Palácio do Planalto. “Tudo que for contra o trabalhador, nós seremos contra e vamos consertar”, ressaltou, citando como exemplo a MP 232.

Indagado sobre o que o presidente Lula havia dito ao considerar uma derrota sua eleição para a presidência da Câmara, Severino disse que a derrota não foi de Lula, mas do PT. Ele afirmou que as coisas boas que o governo mandar para o Congresso serão aprovados, as outras serão corrigidas.

Indagado sobre quem seria o relator da reforma sindical, ele informou disse que indicou o deputado e ex-presidente da Força Sindical, Luiz Antonio de Medeiros (PL-SP), que passou a indicação para o deputado e ex-presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT), Vicente Paulo da Silva (PT-SP). Então, agora eles que resolvam, comentou.

No final da entrevista, indagado mais uma vez pelos repórteres das emissoras de rádio, TV e jornais se consideravam justas as vaias ocorridas durante o ato político, Severino disse que esta era uma visão tendenciosa dos fatos porque “Eu só ouço os aplausos”, insistiu.

Carlos Franco (colaborou Arthur Guimarães)
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