O protozoário Leishmania tem como característica infectar os macrófagos e se multiplicar dentro dessas células, que pertencem ao sistema imunológico e têm vida relativamente longa. O HIV-1 (um subtipo do vírus da Aids) também se replica nessas células, além de infectar outras no organismo. Pessoas infectadas com os dois agentes ficam com o sistema imunológico deficiente. Estudos realizados por outros pesquisadores verificaram que, em pacientes portadores do vírus da Aids, a leishmoniose aumenta a replicação do HIV.
Entretanto, o coquetel de medicamentos anti-retrovirais utilizados atualmente não consegue controlar, por alguma razão ainda desconhecida, a multiplicação do vírus da Aids nos macrófagos. Mas os pesquisadores do IOC, junto com profissionais da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), descobriram que o alcalóide 18-methoxy-coronaridina inibe, nos macrófagos, a transcriptase reversa – enzima que trabalha na replicação do vírus da Aids.
Em parceria com professores da Universidade Federal Fluminense (UFF), os pesquisadores do IOC comprovaram também que um agente químico do grupo dos diterpenos reprime a replicação do HIV-1. Agora, os pesquisadores das três instituições pretendem verificar se esse diterpeno é capaz de controlar a replicação de ambos os agentes infecciosos em macrófagos humanos.
“Vamos avaliar de forma mais precisa como um agente parasitário, no caso a Leishmania, influencia a evolução da infecção pelo vírus da Aids, e vice-versa. Mas é bom lembrar que todos esses experimentos são apenas o início, um primeiro passo, para o desenvolvimento de produtos químicos potencialmente inibitórios”, alerta Bou-Habib.
Diagnóstico rápido de HIV
A Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) assinou um acordo de transferência de tecnologia com uma empresa americana que permitiu ao Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos (Bio-Manguinhos) nacionalizar o teste rápido para identificação do vírus da Aids. A previsão é de que em 2007 o Programa Nacional de Doenças Sexualmente Transmissíveis e Aids passe a gastar US$ 500 mil com o teste; metade do valor atual. No estágio inicial atual, a Fiocruz importa os insumos e finaliza a produção no Brasil, reduzindo o custo em 20%.
O teste rápido possibilita identificar a presença do HIV em apenas dois minutos – o que é importante, sobretudo, em grávidas, porque permite realizar ações para evitar a infecção dos bebês. O acordo permite, também, que o Bio-Manguinhos adapte a tecnologia do teste rápido anti-HIV em exames similares para diagnosticar outras doenças, como dengue e leishmaniose.
Pedro Gomes Ribeiro
Especial para Ciência Hoje