INSTITUTO HISTÓRICO DE ILHÉUS PROTESTA CONTRA LEILÃO DE PRÉDIO EM UBAITABA

A diretoria do Instituto Histórico de Ilhéus decidiu se manifestar contra o projeto do Poder Executivo de Ubaitaba, no sul da Bahia, que pretende leiloar o antigo prédio e ex-sede da prefeitura municipal, construído em 1939, localizado na avenida Presidente Vargas e considerado um patrimônio histórico da cidade. O presidente da entidade, Manoel Carlos Amorim de Almeida, enviou ofício ao presidente da Câmara de Vereadores de Ubaitaba, Alexandre Almeida, apelando para que seja evitada a alienação do prédio, “um patrimônio cultural e histórico dos mais importantes do conjunto arquitetônico da cidade”.
O presidente do Instituto Histórico de Ilhéus, fundado em 28 de junho de 1953, destaca as tradições culturais e históricas que ligam Ilhéus à velha Itapira, hoje Ubaitaba, para associar-se “aos justos apelos dos habitantes dessa cidade contra a malfadada alienação do antigo e tradicional prédio da Prefeitura desse município, que abrigava a Câmara de Vereadores, relíquia arquitetônica do primeiro quartel do século passado, a testemunhar o heroísmo de homens que fizeram a civilização do cacau”. Manoel Carlos lembra que Ilhéus e Ubaitaba entrelaçam-se histórica e geograficamente pela divisão do Brasil em Capitanias Hereditárias. Conta que quando o segundo donatário da Capitania de Ilhéus, Lucas Giraldes, ordenou a criação das Vilas de Cairú, Boipeba e Camamu, na Sesmaria dos Jesuítas, conhecida como as Doze Léguas de Camamu, era também edificada a Vila de Itapira, que se emancipou do município de Barra do Rio de Contas(atual Itacaré), através do Decreto 8.567, de 27 de Julho de 1933.

Segundo ele, a medida seria um “crime” que se consolidaria como um violento atentado à memória não só da população do município, mas também uma afronta flagrante à Constituição, que manda, no artigo 30, inciso IX, “promover a proteção do patrimônio histórico-cultural, observada a legislação e a ação fiscalizadora federal e estadual”. O antigo prédio da Prefeitura de Ubaitaba guarda a tradição política local, onde foram tomadas as mais importantes decisões sobre os destinos políticos e administrativos do município e recebidas figuras ilustres da política baiana e brasileira.

A notícia já foi criticada na imprensa local, que denuncia “a deterioração do patrimônio histórico-arquitetônico de Ubaitaba”, cujos casarões de estrutura centenária estão sendo demolidos sem nenhuma preocupação com a memória da cidade. Segundo o jornal Tribuna da Região, “a ausência de uma legislação básica, aliada à insensibilidade de proprietários, à inércia do Poder Público e à compreensão pouco preservacionista da maioria da população vem acarretando um verdadeiro desastre paisagístico”. A professora universitária Eliane de Oliveira Sabóia Ribeiro, filha do ex-prefeito João Felipe Sabóia (1937-41) e neta do fundador da cidade, afirma que como cidadã ubaitabense se sente “ultrajada com os desmandos já efetivados por alguns governantes sucessivos não só quanto a urbanização da cidade, outrora linda e arborizada, permitindo até construção de muro-garagem na praça Francisco Xavier de Oliveira, como a demolição da mansão construída pelo senhor Marino Amado e agora o leilão do prédio histórico da primeira Prefeitura do Município”.

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