Com problemas, Aerolula deve retornar para oficina

Apesar de novo em folha, o avião presidencial trouxe aborrecimentos ao governo. Apresentou defeitos que devem levá-lo para reparos no exterior e é considerado pequeno para ocasiões especiais. Há dificuldade para acomodar a comitiva que irá com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao enterro do papa João Paulo 2º.
A Aeronáutica está elaborando uma lista de problemas recentes apresentados pelo avião, modelo ACJ, fabricado pela Airbus para executivos e que serve a alguns chefes de Estado.
Batizado de Santos Dumont e chamado pela mídia de Aerolula, o avião apresentou defeitos na escada, numa porta que separa a área íntima do presidente da destinada à comitiva, no sistema de comunicação (telefonia, não instrumentos) e até na cafeteira, que não esquentaria o café tanto quanto gosta Lula.

A Aeronáutica pretende propor ao presidente que autorize o envio do avião para reparos no Estados Unidos e na Alemanha, onde teve partes diferentes suas montadas. A idéia dos militares é fazer esses consertos após a viagem de Lula à Itália e à África, no final de semana. Durante esse período, ele usaria um Boeing 737, chamado de “Sucatinha”, para os deslocamentos domésticos.

Além dos defeitos de uma aeronave nova, que custou US$ 56,7 milhões e que rendeu dissabores ao governo, pois a oposição e a mídia criticaram a compra, o avião se mostrou pequeno, segundo auxiliares do presidente, na hora de montar a comitiva para o enterro do papa.

Na área íntima do presidente, há oito cadeiras, além de um pequeno quarto com cama e chuveiro. Normalmente, membros da comitiva só vão para essa área quando chamados.

No formato em que se encontra, há espaço para uma comitiva de 16 pessoas, sem contar tripulação. Nessa comitiva, cinco lugares são sempre ocupados: chefe do cerimonial, chefe da segurança, um médico, o assessor de imprensa do presidente e o fotógrafo oficial. Restam, portanto, 11 lugares.

Como Lula convidou para acompanhá-lo os presidentes da Câmara, Severino Cavalcanti (PP-PE), do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), do Supremo Tribunal Federal, Nelson Jobim, e os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e José Sarney, sobram mais seis assentos na comitiva. Celso Amorim (Relações Exteriores) ocuparia mais um lugar. Resultado: sobraram cinco lugares, o que levou o Palácio do Planalto a pedir que os convidados não levem suas esposas.

A Folha apurou que Severino Cavalcanti, por exemplo, gostaria muito de levar Catarina, sua mulher, católica fervorosa. Os auxiliares de Lula estão quebrando a cabeça, pois ainda há mais gente do governo e dos demais Poderes querendo uma carona.

O antigo avião presidencial, conhecido como “Sucatão”, um Boeing 707 fabricado em 1968, era maior do que o Aerolula e tinha capacidade para levar até 90 pessoas, incluindo a tripulação. A informação oficial é que o ACJ leva até 55 pessoas, tripulação inclusa, mas o formato em que ficou não permite chegar a esse limite.

Folha de S.Paulo

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