Papa será enterrado na sexta; escolha de sucessor tem novas regras

O Colégio de Cardeais decidiu hoje que o papa João Paulo 2º, morto no sábado (2), será enterrado na próxima sexta-feira (8) na cripta da basílica de São Pedro. O colégio também divulgou alterações nas regras para a escolha do sucessor do papa com o objetivo de dar mais conforto aos candidatos e, ao mesmo tempo, aos eleitores do novo sumo pontífice.
Coube ao porta-voz do Vaticano, Joaquin Navarro-Valls, divulgar os detalhes da cerimônia fúnebre de João Paulo 2º. O enterro começa a partir das 10h (5h em Brasília), quando está prevista a realização de uma missa. Só depois o corpo será sepultado.
Hoje, haverá uma cerimônia conduzida pelo cardeal Leonardo Sandri, secretário interino de Estado do Vaticano, antes de o corpo de João Paulo 2º ser retirado da Sala Clementina [no 2º andar do Palácio Apostólico], às 17h (12h de Brasília). Ele será levado em meio à multidão, na praça São Pedro, e entrará na basílica de mesmo nome pela porta de bronze.

A partir das 20h (15h de Brasília) a basílica será aberta para visitação pública. Segundo Navarro-Valls, a basílica deve fechar entre 2h e 5h para manutenção do local e, no resto tempo, ficará aberta para a visitação de fiéis.

Enterro

Na sexta-feira, o funeral do papa será presidido pelo cardeal Joseph Ratzinger, que foi um dos mais próximos colaboradores de João Paulo 2º, chefe da Congregação pela Doutrina da Fé e dignitário do Colégio de Cardeais.

Depois, o corpo será enterrado na cripta dentro da basílica de São Pedro, onde estão outros papas. Navarro-Valls também disse que é possível que João Paulo 2º fique na tumba onde o papa João 23 ficou antes de ser trazido ao principal andar da basílica.

João 23, morto em 1963, foi retirado de sua tumba e levado para o outro pavilhão após a sua beatificação em 2000, por causa da grande quantidade de peregrinos que visitavam sua tumba.

Dois milhões de peregrinos e cerca de 200 personalidades do mundo inteiro, entre chefes de Estado, monarcas e ministros, são esperados em Roma para a despedida de João Paulo 2º.

Entre os que já confirmaram presença, estão os presidentes dos Estados Unidos, George W. Bush; do México, Vicente Fox; e do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva. O primeiro-ministro espanhol, José Luis Rodríguez Zapatero, também estará presente.

O governo italiano organizou um grande esquema de segurança, que inclui 6.500 agentes da polícia e fechou o espaço aéreo do Estado no dia do funeral.

Mais conforto

Na primeira reunião do Colégio de Cardeais após a morte do papa, também ficou decidido o novo sistema de votação para eleição do sucessor de João Paulo 2º. Trata-se da nova Constituição Apostólica, que foi assinada em 22 de fevereiro de 1996 pelo próprio papa.

A nova Constituição fará com que os cardeais agora tenham mais conforto para eleger o 263º papa desde São Pedro. Até a eleição de João Paulo 2º, eles passavam dias confinados na capela Sistina dormindo precariamente em poltronas, cadeiras e mesmo no chão.

Desta vez, os 117 cardeais, que escolhem o novo papa e ao mesmo tempo são candidatos, terão aposentos. Eles se dirigirão à capela somente para discussões e a votação em si.

A previsão é de que o processo eleitoral dure no máximo 20 dias. Todos os presentes ao Conclave (dos cardeais ao mais humilde funcionário, que serve café ou faz a limpeza) terão de fazer juramento de que guardarão segredo sobre as deliberações.

RICARDO FELTRIN
Folha Online

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