Grupo instala válvula sem “cirurgia”

Um grupo de cardiologistas nos EUA implantou uma válvula artificial no coração de um paciente de 76 anos através de uma veia na sua perna, em vez de abrir seu peito e induzir uma parada cardíaca.
O paciente, Fernando Giangrande, passou pelo procedimento (de três horas de duração) na última quinta-feira, teve alta no domingo e, anteontem, já estava trabalhando. A substituição da válvula geralmente demanda uma semana de internação e um pós-operatório mais longo, assumindo que o paciente seja forte o bastante para resistir à cirurgia.
O implante experimental foi o primeiro de pelo menos 150 que as agências reguladoras americanas exigirão antes que a técnica seja aprovada para uso em hospitais de todo o país. Mas especialistas dizem que o procedimento poderia estender a vida de muitos idosos que são frágeis demais ou estão doentes demais para enfrentar uma cirurgia cardíaca.
“É um milagre”, disse Giangrande no sábado. Há dois anos, seus médicos lhe haviam dito que nada poderia ser feito para interromper o progresso da doença.

O procedimento foi feito no Hospital William Beaumont, em Royal Oak, para substituir a válvula aórtica, que impede o sangue de refluir de volta para o coração. Especialistas alertam que, mesmo que a técnica seja completamente dominada, o reparo pode não durar tanto quanto o feito por uma cirurgia convencional.

O médico de Giangrande, William O’Neil, disse que a técnica, no estado que se encontra hoje, é um último recurso. “Pessoas que são boas candidatas a uma cirurgia cardíaca não deveriam nem olhar para isso”, disse.

Hoje, uma cirurgia para substituição de válvula nos EUA custa US$ 50 mil (cerca de R$ 138 mil). Embora a nova técnica reduza o tempo de internação, ela pode sair ainda mais cara. Só a válvula e o aparelho para a instalação custam o dobro do valor da válvula para uma cirurgia comum.

A nova válvula aórtica de Giangrande consiste em tecido da parede externa de um coração de cavalo costurado no interior de um stent, uma rede cilíndrica de inox. Para instalar o aparelho, os médicos o anexaram à ponta de um cateter plástico e o comprimiram até o diâmetro de um lápis. Então, inseriram o cateter na veia femoral esquerda do paciente e o empurraram até o coração.

Quando o aparelho chegou à entrada da artéria aorta, os médicos inflaram um balão na ponta do cateter para expandir a válvula e embutiram o stent no anel calcificado da válvula “original”.

BARNABY J. FEDER
New York Times

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