O paciente, Fernando Giangrande, passou pelo procedimento (de três horas de duração) na última quinta-feira, teve alta no domingo e, anteontem, já estava trabalhando. A substituição da válvula geralmente demanda uma semana de internação e um pós-operatório mais longo, assumindo que o paciente seja forte o bastante para resistir à cirurgia.
O implante experimental foi o primeiro de pelo menos 150 que as agências reguladoras americanas exigirão antes que a técnica seja aprovada para uso em hospitais de todo o país. Mas especialistas dizem que o procedimento poderia estender a vida de muitos idosos que são frágeis demais ou estão doentes demais para enfrentar uma cirurgia cardíaca.
O procedimento foi feito no Hospital William Beaumont, em Royal Oak, para substituir a válvula aórtica, que impede o sangue de refluir de volta para o coração. Especialistas alertam que, mesmo que a técnica seja completamente dominada, o reparo pode não durar tanto quanto o feito por uma cirurgia convencional.
O médico de Giangrande, William O’Neil, disse que a técnica, no estado que se encontra hoje, é um último recurso. “Pessoas que são boas candidatas a uma cirurgia cardíaca não deveriam nem olhar para isso”, disse.
Hoje, uma cirurgia para substituição de válvula nos EUA custa US$ 50 mil (cerca de R$ 138 mil). Embora a nova técnica reduza o tempo de internação, ela pode sair ainda mais cara. Só a válvula e o aparelho para a instalação custam o dobro do valor da válvula para uma cirurgia comum.
A nova válvula aórtica de Giangrande consiste em tecido da parede externa de um coração de cavalo costurado no interior de um stent, uma rede cilíndrica de inox. Para instalar o aparelho, os médicos o anexaram à ponta de um cateter plástico e o comprimiram até o diâmetro de um lápis. Então, inseriram o cateter na veia femoral esquerda do paciente e o empurraram até o coração.
Quando o aparelho chegou à entrada da artéria aorta, os médicos inflaram um balão na ponta do cateter para expandir a válvula e embutiram o stent no anel calcificado da válvula “original”.
BARNABY J. FEDER
New York Times