A Bahia recebeu em 2004 quase cinco milhões de turistas, porém, deste total, mais de 50% não pisou os pés em Salvador. Ao invés da famosa “capital da alegria”, esses visitantes optaram por explorar as cidades do interior. Afinal de contas, o estado possui nada menos que 25 destinos sendo vendidos no mundo inteiro pela Bahiatursa. E na alta estação, lugares que oscilam entre a ferveção dos feriados prolongados e o clima pacato do dia-a-dia típico das pequenas cidades estão tomados de gente de toda a parte do mundo. Caras novas, visuais diferentes e até a fala embolada são distintivos para os nativos. O clima de casa cheia é apreciado por muitos moradores, em especial, por aqueles que vivem direta ou indiretamente do turismo.
Em Lençóis, na Chapada Diamantina, da população de 9.800 habitantes, estimada pelo último censo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 2.500 moradores vivem do turismo, principal fonte de renda do município. A cidade situada a 409 km da capital baiana recebe visitantes durante o ano inteiro, mas o período de pico, de acordo com o atual secretário municipal de Turismo, Antônio Jorge Andrade, é nos meses de janeiro e julho. E nos últimos tempos o destino passou a atrair um novo segmento, o do turismo internacional. Diferentemente das localidades onde a galera vai em busca de praias e noites regadas a muita badalação, na Chapada a viagem é outra: o ecoturismo.
A paisagem maravilhosa, a calmaria de cidadezinha de interior, e de quebra, muitas histórias do período em que a mineração e a exploração de diamantes movimentavam a economia local integram o cardápio de atrativos. Mas o grande barato mesmo é percorrer as mais de 30 trilhas que levam a lugares encantadores. E é em nome destes passeios que as pessoas acabam relegando a noite para estar com tudo em cima no dia seguinte e encarar quilômetros de caminhadas. Apesar de o lugar ser quase um pedacinho do paraíso, por conta das péssimas condições das estradas a cidade perdeu um número significativo de turistas no ano passado. Agora, as pistas estão sendo recuperadas e a perspectiva da Secretaria de Turismo de Lençóis é a de que o setor ganhe um novo fôlego.
Agito – Depois de Salvador, os roteiros mais procurados no estado são Porto Seguro e Ilhéus, que receberam somente entre dezembro de 2003 e março de 2004 105.893 e 25.414 turistas, respectivamente. Diferentemente de Lençóis, onde as pessoas vão em busca de descanso e de um maior contato com a natureza, nos dois roteiros a agitação é total. Quem vai a Porto Seguro, a 705 km de Salvador, por exemplo, além de contar com uma noite badalada, ainda tem a opção de dar um pulinho em Arraial D´Ajuda, onde ocorre um dos Reveillons mais badalados da Bahia, ou Trancoso, que oferece praias paradisíacas, tendo como pano de fundo falésias e palmeiras em abundância, além de uma vila rica em história.
Lista inclui Morro de São Paulo
Mais perto de Salvador, Morro de São Paulo também é destino preferido de milhares de turistas. Refúgio de gente que procura belas praias e quer ficar longe até do barulho de carros, o Morro é tido por muitos como um pequeno pedaço de paraíso. Antigamente habitado apenas por nativos, faz tempo em que estrangeiros e turistas de outros estados elegeram o local como morada.
“São pessoas que vêm do mundo inteiro, hipnotizados pela beleza natural que aqui existe. São quilômetros de praias de águas claras, piscinas naturais, pequenas ilhas e ótimos locais para mergulho. Aqui não tem carro, mas você dispõe de uma estrutura completa de pousadas, restaurantes e lojinhas. Enfim, tudo o que você precisa para ter as melhores férias de sua vida”, descreve o proprietário da Pousada dos Pássaros, Bené di Ribeiro, que também é artista plástico.
Queixas – Apesar de todos os encantos de Morro, os moradores mais antigos reclamam da falta de conscientização dos que estão chegando agora, no que diz respeito à preservação da natureza. “Todo nosso ecossistema está sendo degradado pelos que aqui chegam. Parecem não saber que o ganho imediato, só nos prejudica”, considerou di Ribeiro, morador da ilha há 22 anos.