MUSEU DO MAR DA CAPITANIA

O Museu do Mar da Capitania de Ilhéus foi criado há quatro anos pelo prefeito Jabes Ribeiro com o objetivo de apoiar a preservação, sistematização do acervo e difusão de conhecimentos, oferecendo suporte na área de recursos ambientais da Fundação Universidade Livre do Mar e da Mata (Maramata). Segundo o fundador da instituição, professor Soane Nazaré de Andrade, que ocupa também a secretaria municipal de Governo, mesmo trabalhando com poucos recursos, uma vez que a quase totalidade das transferências é realizada através da Prefeitura de Ilhéus, o museu reúne um acervo de mais de mil peças e já recebeu mais de 12 mil visitantes do país e do exterior.

A lista de visitantes inclui desde o ex-ministro do Meio Ambiente, José Sarney Filho, e Aspásia Camargo, que ocupou a secretaria-executiva do ministério, a professores da Universidade de Saint Ambrose, nos EUA, ou diplomatas da Argentina e outros países. O museu recebe de forma regular visita de alunos das escolas da rede municipal e particular de ensino, através do Projeto Águia da Cultura. Agora, o professor Soane Nazaré reivindica a aquisição com apoio do governo do estado, da sede do Museu, que funciona no pé do Morro de Pernambuco, em frente ao campus da Maramata, para assegurar sua perpetuação e continuidade do projeto que visa preservar a história, a cultura e informações ambientais.

INTERCÂMBIO – Soane Nazaré destaca que a Maramata vem trabalhando através do intercâmbio permanente com outros atores sociais, bem como em parcerias e através do incentivo à participação comunitária na formulação de políticas voltadas para o desenvolvimento sustentável e na construção de novo imaginário social, fomentando a formação de novas idéias, atitudes e comportamentos, fatores que têm sido a razão do seu sucesso.

O fundador da Maramata ressalta a importância do museu que hoje forma um conjunto com mais de mil peças incluídas no seu acervo, a maior parte obtida através de doações e ocupa os dois andares de um prédio no bairro Nova Brasília, zona sul da cidade. “O projeto cresceu tanto que hoje temos necessariamente de pensar na ampliação e sua preservação, que conta com patrimônio que é da população de Ilhéus”. Ali estão um tacho do século XVI, utilizado na produção de melaço, rapadura e cachaça num antigo engenho e ancora com corda de piaçava, encontrados no fundo do mar, próximo ao Morro de Pernambuco, por um pescador.

O acervo do museu, segundo o professor Soane Nazaré, é enriquecido com a cópia do processo movido pela inquisição contra o donatário da Capitania de Porto Seguro, Pero de Campos Tourinho, o primeiro registrado no país e em que o donatário, em sua defesa, se diz vítima de perseguição política armada por seus adversários. O processo essencialmente político, também é marcante, porque foi movido contra um senhor feudal e esta é a única cópia existente no Brasil.

HISTÓRIA – Soane Nazaré explica que a doação foi feita pelo diretor da Torre do Tombo, José Pereira da Costa, após encontro com o presidente da Maramata durante simpósio realizado nos Estados Unidos. Mas, outro processo importante e preservado inteiramente no original, inclusive com a cópia de documento em inglês apreendido com o grupo, é o do ex-marujo brasileiro Sebastião Magali, que liderou um grupo de mercenários americanos, ingleses e irlandeses, em 1907, numa desastrada incursão militar em Ilhéus, que acabou resultando em pelo menos dois mortos e na prisão de todo o grupo invasor.

Para o diretor da Fundação Maramata, o acervo do museu está incluído num esforço muito mais amplo, o Projeto Memória Viva que inclui o acervo fotográfico da história da educação em Ilhéus, objeto de galeria especifica e ainda de espaço para o surf, este último com sugestão do vereador Francisco Sampaio e em parceria com a Associação Ilheense de Surf, com fotos e materiais utilizados nos últimos 30 anos.

Para Evilásio Cardoso, diretor da Maramata, a primeira tarefa para sistematização do material do museu foi a de catalogação do acervo e montagem da exposição, também incluiu a montagem de núcleo de biologia marinha, com a identificação das cabeças de peixe, descrição de seu habitat, comportamento e distribuição. Foi assinado convênio com a Capitania dos Portos de Ilhéus para exposição de miniaturas de navios da Marinha do Brasil, um trabalho do artista plástico de Maneca Brandão, cuja exposição serviu para a abertura do museu.

LITERATURA – O museu ganhou Espaço dos Escritores e Poetas da região, com destaque especial ao poeta Sosígenes Costa. Criado como reconhecimento à memória e à cultura de Ilhéus, constitui-se num trabalho de fundamental alcance para visão local, como cidade que abraça o mar, tanto assim para a história de Ilhéus. O museu é um equipamento que expressa a Maramata em seu cunho cultural e científico, vindo preencher uma lacuna que existia na cidade, que vem investindo na preservação de sua história com o tombamento de prédios no sítio histórico, além de projetos como o do Quarteirão Jorge Amado e reconstrução do Bataclan.
Aberto diariamente a visitantes de todas as procedências, o Museu do Mar reúne uma gama de informações sobre a natureza, a história e a cultura da Capitania de São Jorge dos Ilhéus até os dias atuais, e Segundo Soane Nazaré, “fala por todos nós, e dirá, de nós, o que ao futuro caberá julgar”. No mesmo espaço do museu, está a Cabana de Bazaia, dedicada a um personagem de Marcos Santarrita, no romance “Mares do sul”, que trata da luta dos negros escravos do Rio de Engenho e funciona como centro de debates e reuniões com a comunidade. Ali também funciona o Espaço da Cultura Negra para o fomento de ações culturais específicas, com a valorização e resgate da cultura negra.

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