Para o presidente da Maramata, professor Soane Nazaré de Andrade, que também ocupa a secretaria de governo, mesmo trabalhando com poucos recursos, uma vez que a quase totalidade das transferências são realizadas através da Prefeitura de Ilhéus, a Maramata vem trabalhando através do intercâmbio com outros atores sociais, em parcerias e através do incentivo à participação comunitária na formulação de políticas voltadas para o desenvolvimento sustentável e na construção de um novo imaginário social, fomentando a formação de novas idéias, atitudes e comportamentos.
INÍCIO – Ele lembra que o Museu do Mar da Capitania, iniciado com apenas uma peça e hoje com quase mil, ocupa os dois andares da sede da Fundação Maramata, no Pontal, “o projeto cresceu tanto, que hoje, temos necessariamente de pensar na ampliação do museu, que conta com um patrimônio imenso e um acervo inteiramente formado por doações de pessoas da comunidade”, e destaca também, a contribuição das pessoas que fazem inclusive trabalho voluntário na fundação.
O acervo do museu, segundo o professor Soane Nazaré, foi enriquecido com a
cópia do processo movido pela inquisição contra o donatário da Capitania de Porto Seguro, Pero de Campos Tourinho, o primeiro registrado no país e emque o donatário, em sua defesa, se diz vítima de uma perseguição política armada por seus adversários. O processo de caráter também é marcante, porque foi movido contra um senhor feudal e esta é a única cópia existente no Brasil.
DOAÇÃO – A doação foi feita pelo diretor da Torre do Tombo, José Pereira da
Costa, após um encontro com o presidente da Maramata durante um simpósio
realizado nos Estados Unidos. Para o professor Soane Nazaré, outro processo importante e inteiramente no original, que está sendo recuperado é o do ex-marujo Sebastião Magali, que liderou um grupo de mercenários americanos, ingleses e irlandeses, em 1907, quando realizou uma desastrada incursão militar em Ilhéus, que acabou resultando em pelo menos dois mortos e na prisão de todo o grupo invasor.
O processo com dois volumes, tem sido consultado inclusive por pesquisadores do exterior e o interessante, é que Sebastião Magali depois de libertado desapareceu do cenário e ninguém sabe como ele morreu, “o que é um mistério a ser esclarecido por historiadores, porque ninguém desaparece por acaso.” Para o diretor da Fundação do Mar e da Mata o acervo do museu está incluído num esforço muito mais amplo, o Projeto Memória Viva, que inclui o acervo fotográfico da história da educação em Ilhéus, objeto de uma galeria especifica e ainda de um espaço para o Surf, este último em parceria com a Associação Ilheense de Surf. O museu já foi visitado por cerca de 6,5 mil pessoas.