SOCIEDADE DEBATE PROBLEMAS DA SEGURANÇA PÚBLICA EM ILHÉUS

Ao considerar que segurança pública é um dever do estado e um direito do cidadão, o comandante do 2º BPM – sediado em Ilhéus, tenente coronel Augusto César Salgado, defendeu uma integração de esforço entre a policia e sociedade organizada para garantir os mecanismos de defesa da cidadania e de controle da violência. A ação envolve ações preventivas da PM, de investigações da Policia Civil e da Policia Técnica, bem como do Ministério Publico e do Poder Judiciário, tendo como final do processo o sistema carcerário. Ele participou, na manhã de ontem (29) da reunião sobre segurança pública promovida pelo prefeito Jabes Ribeiro com representantes da sociedade civil. Ele destacou que no combate à violência a PM aparece na linha de frente e o foco da ação estaria em ações estruturantes para garantir a segurança da população.

Já o delegado Eduardo Barcelos, da Coordenação Regional de Policia Civil em Ilhéus, lembrou que a questão da segurança é um tema recorrente em todo o país. Destacou que as raízes do problema são de ordem social, em função do crescimento do desemprego e do empobrecimento de uma parcela da população excluída socialmente, o que era um ciclo vicioso de desestruturação familiar e de violência. Ele admitiu que trabalha com um efetivo reduzido na Policia Civil e lamentou a desativação da Delegacia de Proteção à Mulher e de uma das delegacias circusncricionais, quando o modelo de segurança ideal exige a descentralização da segurança nos bairros e até a criação de uma unidade de atendimento ao turista em cidades como Ilhéus que funcionam como pólos regionais.

Ele informou que em Ilhéus tem crescido este ano o número de homicídios e de roubos de veículos, “mas em contrapartida, outras modalidades de crime têm apresentado uma queda significativa nos últimos quatro meses.” Caíram os roubos a casas comerciais, os assaltos a ônibus e o roubo a residências e a transeuntes, na cidade foram realizadas 102 prisões em flagrante e 39 por porte de arma. O juiz da vara crime Raimundo Alves de Souza informou que uma das preocupações é o grande numero de processos em andamento por tráfico de drogas e nos últimos anos, o numero de processos aumentou de 22 a 25 por mês para até 96 em fevereiro passado, o que dá uma dimensão da gravidade do problema, “hoje, temos cerca de cinco mil processos em tramitação”.

ESTATÍSTICA – Ao citar estatísticas da ONU que colocam o Brasil como líder na prática de homicídios em escala planetária, o juiz Alfredo Santos Couto considerou a impunidade como uma das causas da insegurança publica. Ele considerou a criação do Conselho Municipal de Segurança uma ação prática e que precisa dar resultados, com integração da policia, Ministério Público, Justiça, poder público e a sociedade civil organizada. Defendeu ainda a elaboração de um documento para ser encaminhado ao governo do estado relatando as carências de segurança de Ilhéus e pontuando os investimentos e ações setoriais a serem realizadas para ampliação do combate à criminalidade. Já a promotora Luciana Isabela Moreira também defendeu a elaboração de um documento e uma ação integrada da PM, Polícia Civil e Ministério Público para implementação de um programa efetivo de combate à criminalidade, com repressão ao trafico de drogas, ao roubo, apreensão de armas e com um trabalho complementar voltado para a educação e o lazer.

Também a promotora Darluzes Ribeiro defendeu ações integradas de combate à criminalidade e a violência em Ilhéus, o que passa pelo investimento em infra-estrutura e como o desenvolvimento de um política de prevenção da criminalidade. O consenso de todos os participantes é de que o país vive uma situação de guerra não declarada, daí a necessidade de desarmar a população. O presidente do Gac, Marcelo Mendonça criticou o modelo legalista, onde os rigores da lei se sobrepõem à segurança da população: “hoje, vivemos uma situação de instabilidade social gerada pela violência e não sabemos a quem recorrer se á promotoria, à Justiça, à PM, Policia Civil ou mesmo à prefeitura. O que sei é que hoje não podemos mais deixar nossos filhos brincando de bicicleta nas ruas, daí a necessidade de medidas duras e radicais”, lamentou.

O projeto do Conselho de Segurança também foi elogiado pelo presidente da CDL, Paulo Ganem, que defende mais segurança para o comércio e citou o caso de dois empresários agredidos por meninos de rua. O empresário José Duarte, do setor de transportes, também criticou o crescimento da violência, que obriga a adoção de medidas de segurança, inclusive com a colocação de câmeras digitais e cofres nos veículos da sua empresa.

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