A Petrobras realizou ontem (4), no auditório do escritório local da Ceplac, em Ilhéus, uma reunião de comunicação social, com o objetivo de informar sobre o início da atividade de perfuração marítima para avaliar a presença de petróleo e gás natural no Bloco BM-J-1, situado na Bacia do Jequitinhonha, mais precisamente a 25 quilômetros – 14 milhas náuticas – da barra do rio Acuípe, divisa dos municípios de Ilhéus e Una, situados na extensão da Costa do Cacau. “A possibilidade de sucesso economicamente viável nesta fase exploratória esta na faixa de 15 por cento”, como informou a empresa, acrescentando que a atividade de perfuração durará 45 dias e a operação, que começa ainda nesta semana, produz impactos sócio-ambientais sem grandes proporções negativas à fauna e flora marinhas, numa tentativa de tranqüilizar ambientalistas e os segmentos que poderão sofrer com a interferência da sondagem, cuja unidade de produção, ficará centrada numa zona de exclusão de 500 metros.
Otimista com a idéia da empresa ter encontrado petróleo na bacia BM- J- 1, apesar de não ter ainda iniciado a atividade de perfuração, o secretário de Desenvolvimento Econômico de Ilhéus chegou a anunciar a descoberta do produto, entusiasmado com a possibilidade do aumento da receita para o município e os royalties que o petróleo proporciona à economia. O fato foi esclarecido através de material informativo distribuído pela Assessoria de Comunicação da Coordenação Regional Nordeste da empresa. Na reunião para informar sobre os impactos sócio-ambientais, que ocorrerão com a sondagem, cujo procedimento é determinado pelo Conama, através do Ibama, em todas as fases da prospecção, o geólogo da empresa, Júlio Heirenice, disse que o empreendimento de risco é da ordem de 10 milhões de dólares, e que dos 10 blocos exploratórios disponibilizados pelo Agência Nacional de Petróleo, na bacia do Jequitinhonha, a Petrobras adquiriu cinco.
Conforme os representantes da empresa, “a perfuração do poço será realizada pelo navio-sonda Deepwater Expedition (NS-20), e terá dois barcos de apoio: Nordetor e N.S. Loreto. O navio sonda ficará centrado numa área de exclusão, parado e com os motores ligados, monitorados pelos computadores, sempre de encontro as correntes marinhas. O Nordetor fará o transporte – da base de apoio em terra para o navio-sonda e vice-versa – de materiais, equipamentos, suprimentos e combustíveis, fazendo, em média, uma viagem por semana. Os resíduos gerados por ele, durante a perfuração, e que tenham destinação final em terra, também serão transportados por esse barco. Os resíduos da atividade de perfuração, transportados pelas embarcações de apoio, serão descarregados na base e encaminhados até seu destino final e ou tratamento, de acordo com a legislação ambiental brasileira e normas internas da Petrobras”.
Segundo ainda a Petrobras, “O N.S. Loreto terá por função garantir a segurança do navio-sonda, dos demais usuários do espaço marítimo e do meio ambiente onde será realizada a perfuração. Essa embarcação estará sempre nas proximidades do NS-20 para atuar em caso de emergência.” Como base de apoio em terra às operações, a Petrobras utilizará o Canteiro do São Roque do Paraguaçu, da empresa, instalado no município de Maragogipe, “onde sairão e atracarão as embarcações de apoio envolvidas com a atividade”, como garante os representantes da empresa.
Os principais pontos destacados no debate realizado depois da apresentação sobre os trabalhos de perfuração e do resultado de estudo de impacto ambiental, esse produzido por uma empresa de consultoria do Rio de Janeiro, ficou por conta dos possíveis danos a flora e fauna marinha, com ênfase para a também possível interrupção da atividade pesqueira. De acordo com a empresa, os danos são poucos e a interrupção fica restrita a área de exclusão.
Também na semana, o Ibama, escritório do Rio de janeiro, realizou uma audiência público, a terceira do gênero ocorrida no país, para ouvir os segmentos, principalmente de pescadores, donos de barcos pesqueiros, colônias, associações de pescadores, donos de embarcações, que sofrerão interferência da pesquisa sísmica pleiteada pela GPS Investigações Petrolífera Ltda, num prazo de 45 dias e a ser realizada também na Bacia do Jequitinhonha, Blocos BM-J-1 e BM-J-2. As operações serão realizadas entre 11 e 37 quilômetros de distância da costa, aproximadamente entre as localidades de Olivença e Canavieiras. Presidida pelo Ibama, a audiência realizada no Hotel Cana Brava, teve a participação de mais de 300 pessoas dos municípios de Ilhéus, Canavieiras, Una e Belmonte. As colônias de pescadores Z-34, Z-19 de Ilhéus, Z-20, de Canavieiras e Z-21 de Belmonte, além de associações da categorias também discutiram sobre o estudo de impacto ambiental para a realização da atividade sísmica, cujos resultados das demandas apresentadas pelo setor pesqueiro, permitirão ou não o licenciamento da atividade sísmica nesta bacia, conforme determina a lei ambiental, segundo o Ibama.