Conforme informação da psicóloga Consuelo Melo Silva, que integra a equipe do Caps, a unidade também serve como campo de estágio para estudantes de nível superior. No momento, um grupo de alunos do curso de Enfermagem da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc) está sendo acompanhado pela professora da instituição, Rosimeire Cardoso, assim como uma estagiária do curso de psicologia, da Universidade Federal de Maceió. “Aqui, contamos com oficinas de artesanato, de horta comunitária e de jardinagem, e atividades que contribuem para a ressocialização do paciente. Enfim, tudo que vai possibilitar reintegrá-lo na sociedade. Formamos grupos para orientação de medicação e relacionados à saúde, operativos, terapêuticos para trabalhar nas questões individuais, as emoções, e também para o próprio funcionamento do setor”, lembra a psicóloga.
A importância do Caps em Ilhéus é destacada por Melo Silva. Segundo ela, “aqui, a ociosidade não existe. Mesmo que o paciente venha e não participe de uma oficina, o importante é o fato dele procurar o Caps, para que não fique nas ruas, sujo, ou em casa quebrando as coisas, não cuidando da sua medicação e sem consciência da doença. Então, só o fato dele vir aqui, mesmo que passe o dia inteiro sem fazer nada, já está fazendo alguma coisa”. Explica que inicialmente o paciente passa por uma avaliação supervisionada pela equipe multidisciplinar que é formada por um psiquiatra, duas psicólogas, enfermeira, assistente social, dois técnicos de enfermagem e pessoal de apoio. “Após isso, se ele estiver dentro do perfil, nós admitimos e fazemos um programa para que ele possa ser atendido por todos os profissionais do centro”.
RESULTADOS POSITIVOS – Destaca a psicóloga que o paciente do Caps é a pessoa que apresenta uma história de doença mental que é chamada de psicótico ou neurótico grave. “Não trabalhamos com deficiente mental. Trabalhamos com pessoas que têm a doença mental que é diferente da deficiência. Se porventura alguém tiver paciente que queira encaminhar, para ser admitido passa por uma avaliação para saber se ele está dentro do perfil. Se tiver dentro desses critérios ele é admitido, caso contrário, orientamos para que seja encaminhado para outro órgão que possa dar outro tipo de atendimento”, salientou. Além disso, as famílias recebem toda a equipe multidisciplinar do Caps, que passa orientação sobre questões de higiene, de relacionamento, boas maneiras, solidariedade.
No que diz respeito à horta comunitária, o coordenador do Caps, psiquiatra Nelson Nunes, diz que ela está em fase de plantio. A idéia é repassar para os pacientes a venda da produção, como forma de motivá-los, inclusive a trabalhar e ao mesmo tempo, melhorar sua condição de vida, uma vez que a maioria deles pertence a famílias de baixo poder aquisitivo. A finalidade é vender os produtos e também liberar uma parte para que possam levar para casa, a fim de ter uma alimentação mais equilibrada. De acordo com a psicóloga Leonila Dantas Romeu, por enquanto a direção da unidade está juntando todo o material das oficinas de trabalho para fazer uma exposição coletiva e vender as peças ao público. Toda a renda será revertida para as famílias dos pacientes no sentido de que possam colaborar com o tratamento.
Outro ponto fundamental destacado pelo secretário Paulo Medauar é que o Caps não trabalha com punição entre os pacientes. “É bom ressaltar que as portas estão sempre abertas. Entram e saem quando querem. Trabalhamos sempre com a concentração do paciente, conversando, mostrando o que deve e o que não deve ser feito, o que pode trazer prejuízos para ele. E se porventura ele não gosta da metodologia aplicada, tem toda a liberdade para ir embora”.
HISTÓRICO – Em 1996 foi criado em Ilhéus o primeiro Caps do interior da Bahia que pertencia ao setor privado, anexo ao Sanatório São Jorge. Por não atender algumas questões técnicas foi descredenciado e repassado para a Secretaria de Saúde administrá-lo, uma vez que a prefeitura passou a gerir o setor de saúde, hoje municipalizado. A partir de então vem sendo implantadas uma nova filosofia de trabalho, em um novo espaço com melhores condições de realizar as oficinas e proporcionar maior conforto para a clientela.