ILHÉUS REVIVE A HISTÓRIA PARA INVESTIR NO FUTURO

Inegavelmente, uma das vertentes mais conseqüentes da visão político-administrativa do atual prefeito de Ilhéus, Jabes Ribeiro, tem sido a formulação de estratégias de valorização da história do município, baseadas na concepção turístico-cultural, como forma de atrair interesses e investimentos para o futuro da comunidade. Único prefeito eleito três vezes para comandar os destinos da municipalidade, Ribeiro dedica seriedade e importância aos fatos históricos, mesmo antes de ser eleito pela primeira vez, em 82, quando assumiu a secretaria municipal de Educação e coordenou as atividades comemorativas do centenário político de Ilhéus, em 1981, oportunidade em que foram editados livros sobre a história da cidade, exposições fotográficas e a encenação do Auto dos Ilhéus, escrito por Adonias Filho.

A reconstrução do Teatro Municipal de Ilhéus logo no primeiro mandato, com recursos próprios do município, simbolizou o início da trajetória de retomada da história da cidade como elemento impulsionador das potencialidades econômicas locais. Além de significar um marco da fase áurea da civilização do cacau, na primeira metade do século 20, o teatro reconstruído a partir de campanha dos artistas da cidade motivou a restauração de importantes aspectos e fatos históricos de Ilhéus, numa escalada interessante de resgate da secular construção da cidadania.
Até 1983, a tradição era comemorar a data de 28 de Junho, Dia da Cidade, como marco da elevação de Ilhéus à categoria de município. O prefeito então iniciou o resgate do passado quatrocentista de São Jorge dos Ilhéus, vila surgida após a criação das Capitanias Hereditárias no Brasil, em 1534, pela monarquia portuguesa. E agora é fundamental lembrar a fundação da cidade, que conquista este ano a marca dos 469 anos de história, e voltar os olhos para a capela Nossa Senhora Santana, localizada no distrito de Rio de Engenho e considerada a segunda igreja mais antiga do Brasil. Com a inauguração do Arquivo Público Municipal João Mangabeira, em 2002, começa uma nova fase na busca de um acervo documental e imagético que retrate e ensine a história de Ilhéus. Nesse sentido, a secretaria de Educação já executa programas que inserem a história local como atividade pedagógica.
A saga do cacau ainda é a maior inspiração do passado da cidade. A história dos coronéis que colhiam a matéria prima do chocolate é a lembrança mais popular em quase dois séculos de experiências, estimulada fundamentalmente literatura de Adonias Filho e Jorge Amado, que souberam traduzir os costumes e hábitos de uma época de grande destaque cultural e econômico em Ilhéus. Nesse sentido, Ribeiro atuou como um embaixador, trabalhando para aproximar cada vez mais o internacional escritor Jorge Amado de Ilhéus, onde viveu a adolescência e onde escreveu o primeiro romance de sua elogiada carreira, “O País do Carnaval”.
Jorge Amado voltou à terra e declarou a ela um amor sem fim. Viu a casa onde morou ser transformada em espaço cultural, reviu amigos e paisagens, recebeu o título de Cidadão Ilheense(nasceu em Itabuna), e presenciou a edição de cenas vivas retratando sua obra literária “Gabriela, Cravo e Canela”, um sucesso nas livrarias do mundo, na música, na TV e no cinema. Amado se foi, mas deixou um legado literário e artístico que está carimbado na história da cidade.
Esse legado está hoje traduzido em obras importantes para a consolidação do Quarteirão Jorge Amado, traçado no centro histórico da cidade e um dos pontos de visita mais procurados pelos turistas. Nesse trecho, o famoso bar Vesúvio foi tombado e restaurado pela iniciativa privada. A casa noturna Bataclan, na avenida Dois de Julho, passa por obra de reconstrução com o apoio da Petrobrás. O Palácio Paranaguá, sede da Prefeitura, foi recuperado, e a praça J.J. Seabra, escritório popular da cidade, totalmente reurbanizada. A avenida Soares Lopes ganhou um posto de informações turísticas.
O atual governador da Bahia, Paulo Souto, já prometeu apoio para a execução da segunda etapa de obras no Quarteirão Jorge Amado, incluindo as ruas Dom Pedro II e Marquês de Paranaguá, e a avenida Dois de Julho, possivelmente reurbanizando até a praia do Cristo Redentor. A área abrange o cais do antigo porto de Ilhéus, que terá nova paginação.
Todo o esforço pelo resgate da história de Ilhéus não tem significado sem a participação de outros órgãos e da própria comunidade. Parcerias com a Universidade Estadual de Santa Cruz, a Fundação Cultural da Bahia e o Ministério da Cultura, têm sido oportunidades positivas e concretas. Mas muita estrada ainda tem nesse caminho. Iniciativas de escritores e pesquisadores diversos têm contribuído para a valorização do projeto.
A estratégia do prefeito Jabes Ribeiro é concluir mais uma etapa do projeto de resgate histórico da vida da cidade. Ele anunciou que desocupará o Palácio Paranaguá, construído há quase cem anos, para transformar o espaço no Museu da Cidade de São Jorge, mais um equipamento de difusão e consolidação da político cultural preservacionista. Para isso vai transferir a sede do Poder Executivo para outro local.

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