Do ponto de vista comercial, o rock não é popular no sul da Bahia. Não comove multidões, como o arrocha, o pagodão e o axé. Tampouco lota casas de show, a exemplo dos gêneros citados. Não há demérito em mobilizar massas. A comparação serve apenas para dimensionar o desafio que roqueiros grapiúnas enfrentam para, simplesmente, “roquear”. Em 2013, três bandas superaram esse e outros obstáculos e lançaram seus discos independentes. Todos os álbuns foram selecionados para concorrer ao Prêmio Dynamite, que chega ao seu décimo ano e é respeitado no circuito alternativo do país.
Enttropia é a representante ilheense, com o álbum “Fora do Aquário”. O nome do disco sugere os desajustes entre o ambiente regional, muitas vezes perverso para uma banda de rock, e o som que o grupo propõe. Nos arriscamos a dizer que o esforço sonoro é sempre orientado para aproximar mundos distintos – interligar aquários.
Chamamos Ayam Ubráis Barco de banda por dois motivos. Primeiro, porque esse soteropolitano (de nascença) e ipiauiense (de teimosia) é um artista multifacetado. Segundo, porque o processo de produção de um disco pressupõe trabalho coletivo. No cenário da música independente, o “fator camaradagem” antecede e ultrapassa esse pressuposto. Produzir um álbum nessas condições só é possível graças ao apoio de uma rede de amigos e fãs. “Partir o mar em banda” não fugiu dessa realidade.
A galera da banda Mendigos Blues representa o rock itabunense e concorre com o disco “Repúblicas e Mutretas”. As experiências em repúblicas universitárias germinaram o álbum. Uma das músicas homenageia um personagem que percorria as ruas de Itabuna e habita o imaginário da cidade. O homem que “virou” Jeep dirigia o próprio corpo como um carro. Retrovisores, buzina e outros acessórios reforçam a magia da performance.