No próximo dia 16 de junho a Ceplac comemora, o Dia Internacional do Cacau. E que tem como tema este ano “Consolidando a autossuficiência com sustentabilidade”, numa referência ao sucesso do que foi proposto pelo órgão no ano passado – “Autossuficiência com sustentabilidade”.
A Ceplac tem outros motivos para comemorar, aos poucos vem retomando as discussões – no cenário da cacauicultura -, e impondo a importância de seu papel nas tomadas de decisões. Por meio de uma agenda nacional o cacau voltou à ser pautado em todas as esferas : Local Estadual e Nacional . Algumas das ações do momento que coloca a Ceplac de volta ao seu antigo slogan “Ceplac – Um bom caminho”: o resgate histórico feito na Lei 8.691 de 1993, onde as ações da Ceplac/Mapa passaram a integrar a área de Ciência e tecnologia, considerando que a instituição desenvolveu ao longo de seus 56 anos a promoção, pesquisa e desenvolvimento científico e tecnológico. Nesse novo contexto, a Ceplac poderá realizar concursos públicos com base na estrutura remuneratória de cargos do Plano de Carreira de Ciência e Tecnologia; a inclusão do produto na Política de Garantia de Preço Mínimo (PGPM) ; a aprovação recente do Projeto Cabruca ,do Deputado Federal Geraldo Simões, na comissão de meio ambiente ; e além da “Sustentabilidade Produtiva”, hoje parte da filosofia dos técnicos da Ceplac que dependia também do Projeto Cabruca para funcionar plenamente; e com o lançamento comercial do biofugicida Tricovab, a Ceplac cumpre parte de sua missão ao decretar o controle à “vassoura-de-bruxa”, e com isso dar um passo fundamental na recuperação da economia regional e na implementação de ações voltadas para a conservação ambiental por meio da “Produção Sustentável” através de parcerias com organizações públicas e não governamentais, visando o desenvolvimento de atividades agroeconômicas sustentáveis.
Mudanças ao longo do tempo
Não temos dúvidas que o cacau é uma cultura diferenciada e que jamais deixará de ser produzida em função das demandas cada vez maior, infelizmente a forma primaria de exploração capitalista não se permitiu um maior vinculo entre o homem e seu modus vivendi.
A falta de um elo entre cultura e tradição do produtor de cacau com sua cadeia sucessória, fez com que muitas soluções que se encontravam visíveis se perdessem no tempo. Perdemos a oportunidade de ter em cada fazenda um modelo de produção de chocolate pessoal e de diversos subprodutos, afinal as condições de solos, clima, topografia e umidade e manejo, faz a diferença de cada produção de cada propriedade. Hoje com o retorno da filosofia familiar na cacauicultura, as conquistas tecnológicas, os avanços nas pesquisas e um mercado globalizado, muitas alternativas que sempre se encontraram ali na nossa frente começam a ser enxergadas.
É com este espirito que a Ceplac , depois do PROCACAU, lança uma nova expectativa, quiçá um novo programa, Conservação Produtiva,agora, aliada ao Projeto da Lei de Cabruca.
A visão de conservação produtiva, defendida pela Ceplac, e que fomenta a cultura do cacau-cabruca, sistema agroflorestal ,foi historicamente o que ajudou na conservação do pouco que ainda existe da Mata Atlântica e que pode ajudar a recuperar muitas áreas remanescentes assim como áreas degradadas, modelo que pode ser aproveitado em outros biomas a exemplo do cerrado e caatinga.
O cacau é muito mais que uma cultura que fornece a matéria prima do chocolate. Apesar de exótica, sua adaptação a região foi tão perfeita que a mesma faz parte do Sistema Biológico da Mata Atlântica, da cultura de uma região e da geografia econômica de um país.
Manejo Sustentável
Em recente artigo o secretário Eugênio Spengler (Meio Ambiente) antecipou que o governo publicará decreto que visa disciplinar a retirada de árvores exóticas e madeira caída em áreas de cabruca, o manejo sustentável.
Madeiras mortas ou tombadas “Recurso natural não se pode mais desperdiçar”.
Parece que chegará ao fim uma luta travada entre os produtores e o Ibama que sempre impediu o aproveitamento das madeiras que tombavam em meio a cultura, que por da interpretação das letras frias da lei, preferiam deixar apodrecer do que ser utilizadas.
Árvores Nativas x Exóticas: para cada 1 exótica x 3 nativas
A questão das árvores nativas é mais complexa e vai demandar discussões, ajustes na legislação federal e a realização de pesquisas científicas. Nesse sentido, ficou definido que a Ceplac encaminhará, (até o final desse mês, junho ), um projeto de pesquisa, envolvendo 34 hectares e 12 fazendas na região cacaueira, para demonstrar a viabilidade econômica e ambiental do manejo sustentável do cacau cabruca na Mata Atlântica.
De acordo com o superintendente da Ceplac, Juvenal Maynart , o estudo científico pactuado será a base para o futuro, dando a base para a expansão do manejo sustentável do cacau cabruca. Ele enfatizou que “o patrimônio florestal será, previamente, todo geo-referenciado e o produtor se tornará “ o responsável civil” com todos os gravames da lei. Além da plantação prévia de 3 nativas para uma exótica para sair a autorização do manejo da exótica, podendo ainda obter receitas de diversas formas”. Disse Maynart.
Com o manejo florestal, os produtores reivindicam o direito de retirar algumas árvores por ano, repondo-as em número muitas vezes maior. De acordo com Ednaldo Ribeiro Bispo, técnico chefe do Núcleo de Extensão da Ceplac, as bases da proposta estão fundamentadas na conservação produtiva, que tem o objetivo de garantir o uso, a conservação e a produção em um mesmo espaço, em provocar alterações substancias nas características básicas da floresta.
De acordo com o autor da lei de cabruca o deputado Geraldo Simões “ o Sistema Cacau Cabruca é uma cultura de interesse econômico de baixo impacto ambiental, que substitui na sua implantação os elementos do sub-bosque e tem a proteção de árvores remanescentes. Eliminando o excesso de sombra, além de viabilizar o aumento da produtividade, estabelece-se importante fator de prevenção à doenças do Cacaueiro”. Finaliza Simões.
*Ed Ferreira Administrador de Empresas, Técnico em Agropecuária e Blogueiro